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Ciro caiu de 17% para 6% entre manifestantes da Paulista. Por Miguel do Rosário

Ciro Gomes foi vaiado na manifestação da Avenida Paulista em São Paulo (Foto: Reprodução Twitter/@cirogomes)

Ciro caiu de 17% para 6% entre manifestantes da Paulista.

Por Miguel do Rosário

A desidratação política de Ciro junto ao eleitorado de esquerda é impressionante.

As vigorosas vaias que ele levou no 2 de outubro traduziram um sentimento também registrado na pesquisa conduzida pela USP junto aos manifestantes da Avenida Paulista.

Segundo a pesquisa, 17% afirmaram ter votado em Ciro no primeiro turno das eleições de 2018.

Hoje – entre os mesmos entrevistados – apenas 6% votariam nele.

Ciro perdeu votos de segmento estratégico para qualquer movimento político, por constituir, como veremos abaixo, uma elite educada, uma vanguarda militante, com alta capacidade de mobilização.

Lula, por sua vez, tem 78% das intenções de voto entre os manifestantes. No primeiro turno de 2018, Haddad recebeu 53% dos votos dos entrevistados pela pesquisa.

Conduzidas pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado a USP e coordenado pelos professores Pablo Ortellado e Marcio Moretto, as pesquisas nos permitem comparar as três últimas manifestações realizadas na Paulista.

Os números mostram que a competição pelas ruas ainda é um esporte das elites educadas.

No dia 2 de outubro, 80% de manifestantes tinham ensino superior, percentual quase igual aos 79% do 12 de setembro, no evento organizado pelo MBL.

Na manifestação pró-Bolsonaro do 7 de setembro, 60% dos participantes tinham curso superior.

Esses percentuais são muito superiores à média do município de São Paulo. Segundo dados atualizados do TSE, apenas 24% dos eleitores do município de São Paulo tem curso superior completo ou incompleto.

No 12 de setembro, apenas 8% de manifestantes disseram ter renda familiar até R$ 2,2 mil.

No dia 2 de outubro, 11% tinham renda familiar até R$ 2,2 mil.

Ironicamente, as manifestações do 7 de setembro, que eram favoráveis a Bolsonaro, tinham participação mais popular, com 14% dos manifestantes admitindo renda familiar de até R$ 2,2 mil.

No 12 de setembro, 10% dos manifestantes responderam ganhar mais de R$ 22 mil, percentual que cai para 4% entre aqueles do 2 de outubro; no dia 7 de setembro, eram 7%.

No quesito raça, há mais semelhanças que diferenças.

Em 12 de setembro, tivemos 67% de brancos e 8% de pretos, percentuais que mudam para 62% e 17% no 2 de outubro.

Os pardos caem de 21% para 16% do dia 12 para o dia 2.

No dia 7 de setembro, havia 60% de brancos, 7% de pretos e 26% de pardos.

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Identidade política

Há diferenças profundas na identidade política entre as manifestações.

No dia 12 de setembro, 37% se identificaram como esquerda ou centro-esquerda, percentual que sobe para 94% no evento do dia 2 de outubro.

Ambas foram manifestações contrárias ao governo Bolsonaro.

Na manifestação da Paulista do 7 de setembro, que foi favorável a Bolsonaro, 77% dos entrevistados se identificaram como “direita”.

Chama atenção ainda a rejeição de 71% do MBL e 24% do PDT entre os manifestantes do dia 2 de outubro.

No dia 12 de setembro, a rejeição principal era ao PT, com 38%, CUT, 33% e MTST, 31%.

(Texto originalmente publicado em O CAFÉZINHO)

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