Colunista bolsonarista do Estadão que diz que Lula está “do lado do crime” aparece nos Panama Papers como sonegador

Atualizado em 6 de agosto de 2023 às 19:47
O colunista JR Guzzo. (Foto: Reprodução)

O colunista bolsonarista do Estadão JR Guzzo fez uma defesa enfática da polícia no episódio da chacina do Guarujá na edição deste domingo.

Como de hábito, Guzzo simplifica assuntos complicados com uma verve particular, com palavras bem escolhidas nos lugares certos, repleto de certezas absolutas. O problema são as ideias. É um amontoado de clichês justificando a eterna apologia à violência da extrema-direita, mas perfumado.

“O recente assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, no Guarujá, vale por um curso completo nesta obsessão suicida da esquerda, e dos que se julgam politicamente ‘civilizados’, contra a polícia – e a favor das suas fantasias de que o homicídio, o roubo a mão armada ou o estupro são um ‘problema social’ e que os bandidos são vítimas da ‘situação econômica’. O soldado foi morto dentro do carro da PM, com um tiro disparado de 50 metros de distância; é assassinato a sangue frio, sem ‘confronto’ de ninguém contra ninguém”, escreve.

“O governo Lula quer fechar os clubes de tiro; acha que só a bandidagem tem direito de ter armas. Quer 40 anos de cadeia para quem ‘atentar’ contra os peixes graúdos de Brasília – e ‘desencarceramento’ para quem cometeu crimes. Está contra a polícia de São Paulo. Escolheu o seu lado”. É o “lado do crime”, diz.

O próprio jornal que publica a coluna de Guzzo fala em “operação vingança” da PM. “Entre os mortos estão um homem considerado indigente, um garçom e um ajudante de pedreiro que também teve o cachorro morto a tiros. A operação acumula críticas por indícios de excessos, como relatos de tortura e ameaças contra a população local”, afirma o Estadão.

A PM “desligou” as câmeras nos uniformes e o suspeito de ter matado o policial só se entregou porque o PCC ordenou.

Guzzo é um tipo clássico de jornalista decadente que encontrou audiência na cachorrada fascista. Um Alexandre Garcia de calças, citado com frequência por Jair Bolsonaro. Claro que nada disso é de graça.

Falando em dinheiro, a hipocrisia: Guzzo é mencionado nos Panama Papers, dossiê divulgado em 2016 pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

A série trouxe à luz documentos confidenciais vazados de um escritório de advocacia panamenho especializado na montagem de offshores em paraísos fiscais. Guzzo aparece como beneficiário final da offshore panamenha Henshall Group S.A.

Em maio de 2017, após desferir um ataque baixo a Gilmar Mendes na Veja (a demonização do Supremo faz parte do pacote), o ministro do STF mandou uma reposta para o então diretor de redação, André Petry. O e-mail saiu no livro “Os Onze”, de Felipe Recondo e Luiz Weber.

Gilmar Mendes

Segundo Gilmar, o artigo parecia perpetrado por um bêbado. “Você diz que eu represento o atraso. O que dizer de você, GUZZO, que aparece nos PANAMA PAPERS sem qualquer explicação? Por que você mandou dinheiro para o exterior de forma irregular? Qual a razão? O que você vendeu? Terrenos, casas? Ou artigos e reportagens? Por que escondeu dinheiro nos PANAMA PAPERS? Como jornalista, você exerce função de caráter público e deve explicação”, afirmava Gilmar Mendes.

“As pessoas precisam saber que as informações que você veicula não são vendidas nem compradas. Quem é o subdesenvolvido na relação, GUZZO? GUZZO, eu, representante do Brasil atrasado, tenho um apartamento em Lisboa, comprado em 2016. Mandei o dinheiro pelo BANCO DO BRASIL e coloquei tudo no imposto de renda. Nada tenho que esconder. Mas, você, representante do Brasil evoluído, tem conta em offshore, que não está registrada na Receita Federal”.

Ele prosseguia: “Quem deve explicação é você! Explique logo por que você mandou dinheiro para o exterior de forma sub-reptícia. Quais as fontes desses recursos? Do contrário, não podemos sequer ter um pé de prosa. Acho que a Veja deveria exigir essa explicação. Como vocês cobram conduta alheia e não praticam a exigência em casa?”

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