Com campeonato brasileiro consolidado, poker nacional tem grandes expectativas para 2019

É difícil um esporte alternativo se destacar no Brasil. A nação é conhecida como o país do futebol e pode ser difícil para novas modalidades atraírem interesse, mas isso não significa que não exista espaço para crescer.

O poker é uma das principais modalidades alternativas que vem conquistando seu espaço na mídia e nos últimos anos ganhou muita popularidade devido à profissionalização do esporte, alto nível técnico e iniciativas que ajudaram a aumentar o alcance em todas as regiões do país.

Segundo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), são cerca de oito milhões de praticantes no país e cada vez mais a população está se interessando pelas regras do poker. O número de entusiastas cresce a cada ano que passa e reflete na alta popularidade que o esporte das cartas já conquistou no cenário esportivo brasileiro.

Campeonato Brasileiro de Poker é um dos mais fortes do mundo

Um dos grandes motivos para essa realidade empolgante no início de 2019 é o sucesso do Campeonato Brasileiro de Poker, também conhecido como BSOP (Brazilian Series of Poker). Criado em 2006, o circuito é amplamente considerado como o maior do hemisfério sul.

O BSOP é dividido em uma série de etapas diferentes, geralmente disputadas no intervalo de 40 dias. Em 2018, foram sete fases realizadas e São Paulo mais uma vez foi a sede oficial. Três foram sediadas na capital do Estado, incluindo a mais importante (BSOP Millions, que marca o fechamento da temporada).

O BSOP Millions tem atraído milhares de competidores e no ano passado isso se concretizou de novo. Na etapa disputada entre os dias 27 de novembro a 6 de dezembro, mais de 3.200 atletas participaram do evento principal. O paranaense Leocir Carneiro foi o grande campeão e levou pra casa aproximadamente R$ 1.1 milhão.

Com proporções internacionais, o BSOP Millions é tido como o maior evento da América Latina e todos os anos recebe competidores de vários países. Entre os 50 primeiros colocados de 2018, por exemplo, pelo menos um atleta da Espanha, Uruguai, Chile, Japão e Estados Unidos apareceram na lista.

“A gente espera o ano todo, planejando e trabalhando, para realizar um BSOP Millions de muita qualidade. Quando esse momento chega, é muito gratificante e muito legal. O BSOP Millions acontece com 145 mesas. No primeiro, eram com apenas quatro”, afirma Devanir Campos, diretor do BSOP.

A marca dos mais de 3.200 participantes no BSOP Millions superou os 2.800 que compareceram em 2017, número que reforça o crescimento constante do poker nacional.

Os estaduais e outros eventos que ajudam a impulsionar o poker

Se o formato dos estaduais é questionado no futebol, o inverso acontece no poker. Os campeonatos geridos pelas federações regionais é algo que ajuda a difundir esse esporte nos quatro cantos do país e revela grandes competidores.

Os mais fortes e consolidados estão em São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Vários outros Estados também promovem a prática dos campeonatos regionais e isso ajuda a preencher o calendário do poker em alto nível.

Todos os anos, na metade do BSOP, é disputado o Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes (CBPE). Esse evento aglomera as melhores seleções estaduais do país, que disputam entre si em um fim de semana de muita competição.

No ano passado, o Paraná sagrou-se como o grande campeão ao derrotar São Paulo na decisão final. Esse ano, o CBPE mais uma vez acontecerá e reunirá os Estados para a sétima edição do evento.

Reputação crescente na elite do poker nacional

Todo esse sucesso organizacional é traduzido no brilho dos melhores competidores brasileiros nos feltros internacionais. No ano passado, Roberly Felicio, de Goiás, se tornou o quarto do país a conquistar uma etapa do WSOP.

Em um evento chamado “Colossus”, que contou com mais de 13 mil competidores, Felicio escreveu seu nome na história desse esporte e reforçou o bom status do poker brasileiro em Las Vegas.

Por ser um esporte de teor estratégico, os mais estudiosos e inteligentes se prevalecem nas cartas. No Brasil, não faltam estudiosos e mentes pensantes do poker.

Além de Felicio, competidores como João Simão, Affif Prado, Saulo Sabioni, Felipe Mojave, Kelvin Kerber e André Akkari são alguns dos principais nomes que compõem a elite do país nessa modalidade.

Para 2019, todos os competidores acima seguirão na ativa e ajudarão a crescer ainda mais o patamar do Brasil em grandes circuitos internacionais.

“O poker já é enorme no Brasil e queremos que esse esporte cresça cada vez mais para entrar na rota das maiores modalidades do país”, afirma Akkari, que também venceu uma etapa do WSOP.

Nos últimos dois anos, quase nenhum brasileiro conseguiu tanto sucesso quanto Simão. De Belo Horizonte, o profissional inclusive já chegou a ocupar algumas vezes o posto de líder nacional no ranking do site PocketFives (especialista em poker online).

A especialidade de Simão é o poker disputado pela internet, mas ele é muito versátil e também consegue se destacar com excelência nos torneios ao vivo. Por exemplo, o mineiro fechou a temporada no BSOP 2018 com um título na modalidade Omaha, cravando outro torneio e subindo ainda mais no cenário nacional.

O atleta segue como o melhor sul-americano no prestigiado ranking da Global Poker Index (GPI) e começou a temporada 2019 com o pé direito ao vencer uma competição de escala mundial nas Bahamas. Mais uma vez o belo-horizontino ganhou no Omaha e na mesa final despachou quatro americanos, um britânico, um português e um argentino.

A expectativa não poderia ser melhor para 2019

BSOP com reputação em alta, grandes competidores a nível mundial e crescimento da popularidade do poker no Brasil ajudam a colocar as expectativas no topo para o poker nacional em 2019. A união desses fatores com o grande empenho dos atletas da mente fará com que a nação se consolide ainda mais como uma das referências mundiais do poker.