Como os militares avaliam indicação de Dino para o STF

Atualizado em 27 de outubro de 2023 às 14:08
Flávio Dino, ministro da Justiça. Foto: reprodução

Após a aposentadoria da ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, aparece como um dos nomes mais fortes a ser indicado pelo presidente Lula (PT) ao cargo. Com essa possibilidade, membros de alta patente das Forças Armadas demonstram entusiasmo, segundo a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo.

No entanto, não é exatamente por serem fãs de Dino que os militares devem comemorar a substituição de funções dele. Um contingente expressivo de membros da ativa vê a potencial mudança do ministro da Justiça para a corte como uma oportunidade para desviar a atenção das investigações que envolvem o Exército.

Segundo a avaliação desse grupo, as ações da Polícia Federal, que estão sob a alçada do ministério de Dino, têm se concentrado nas Forças Armadas. De acordo com membros da cúpula militar, essas operações policiais que visam os fardados dificultam a desvinculação da instituição do cenário político.

Soldados do Exército brasileiro. Foto: reprodução

Apesar disso, o foco nos militares não é considerado como uma questão casual. As investigações da PF que afetam os militares têm como alvo os membros das Forças que manifestaram interesse em participar de possíveis tentativas de golpe ou que cometeram crimes, como no caso do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.

Entre as infrações admitidas pelo tenente-coronel está a falsificação de certificados de vacinação dele, de seus familiares e do próprio ex-presidente.

As declarações de Dino, que se referiu ao que chamou de “torcida” por parte de membros do Alto Comando para um golpe que impedisse a ascensão de Lula ao governo, também causaram descontentamento entre integrantes da cúpula militar.

Outras investigações em curso pela PF contra o Exército são sobre supostas irregularidades cometidas durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018 e, mais recentemente, acerca do uso ilegal do programa FirstMile, um software israelense de espionagem. Inicialmente, funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram os primeiros acusados da prática criminosa, mas há indícios da utilização também pelas Forças Armadas.

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