CPMI do fato ou da farsa? Por Chico Alencar

Atualizado em 25 de abril de 2023 às 11:57
Presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco. (Foto: Reprodução)

Por Chico Alencar, escritor, professor de História e deputado federal eleito pelo PSOL-RJ

O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prometeu ler nesta quarta-feira (26), o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar Mista (deputados e senadores) de Inquérito (CPMI) sobre os atos de 8 de janeiro.

A tentativa de golpe da extrema direita, objeto da CPMI, não investigará propriamente nada: o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça há quatro meses já o fazem. Há centenas de presos e um primeiro “lote” de uma centena de réus.

A Comissão de Inquérito será uma espécie de palco para publicização dos criminosos, que sairão do limbo da cadeia e do sigilo do processo. CPMI do mais do mesmo ou do tiro no pé?

A extrema direita quer, pateticamente, “culpar as árvores pelo incêndio na floresta”. Pretende, por absurdo, fazer crer que foi o governo Lula o responsável pelo ensaio de golpe em si mesmo e que “esquerdistas infiltrados” quebraram e roubaram os prédios dos três poderes. A mentira não tem limites, nem o ridículo!

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Reprodução

Se a histeria e a gritaria dos de sempre permitirem, vão desfilar, para execração pública: 1) os financiadores do golpismo; 2) os organizadores dos acampamentos que pediam “intervenção militar”; 3) os terroristas da tentativa de explosão no aeroporto JK (que mataria muita gente); 4) os propagadores das fake sobre as urnas eletrônicas; 5) os que repetiam, nas suas redes antissociais, que o presidente eleito “não subiria a rampa”; 6) os comandantes da PM do DF à época, o governador Ibaneis e quem o “desinformou” sobre as possibilidades de violência; 7) os militares da Guarda Presidencial e das FFAA suspeitos de participar da trama (por ação ou omissão); os generais Heleno, GDias e outros servidores do GSI, da Abin, e o chefe do Comando Militar do Planalto na ocasião; 9) o presidente e o relator da CPI do mesmo assunto na Câmara Distrital; 10) todos os que propagaram o golpe e deram força – presencialmente ou pela internet – aos ataques de 8/01, inclusive parlamentares (que, óbvio ululante, estão impedidos de fazer parte da Comissão – mas querem!).

O momento de maior frisson será o da inquirição do então poderoso animador do golpismo, Jair Bolsonaro, e de seu ex-ministro da Justiça, Anderson Gomes – o da minuta da intervenção no TSE. Ambos “foragidos” nos EUA quando da tentativa sinistra.

Detalhe importante: quando a CPMI concluir seus trabalhos – o fantástico e sombrio “show da vida” dos neofascistas – o fato criminoso já estará desvendado e seus responsáveis devidamente condenados – vários à prisão. Por atentado violento ao Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, associação criminosa, depredação do patrimônio público e roubo.

É importante reafirmar, para o bem da democracia: sem anistia!

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