Cruz Vermelha diz que sistema de saúde em Gaza atingiu “ponto sem retorno”

Atualizado em 10 de novembro de 2023 às 17:59
Palestinos feridos em Gaza após bombardeio de hospital

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) exigiu hoje a cessação da destruição de hospitais na Faixa de Gaza, alertando que o sistema de saúde local alcançou um “ponto sem retorno”, colocando em risco a vida de milhares de pessoas.

“A destruição dos hospitais em Gaza está se tornando insustentável e precisa parar. As vidas de milhares de civis, pacientes e profissionais médicos estão em perigo”, declarou William Schomburg, chefe da subdelegação do CICV em Gaza, em um comunicado.

O CICV fez um apelo urgente pelo respeito e proteção às instalações médicas, pacientes e profissionais de saúde em Gaza.

“Sobrecarregado, com escassez de suprimentos e cada vez mais perigoso, o sistema de saúde em Gaza atingiu um ponto crítico, ameaçando a vida de milhares de feridos, doentes e deslocados”, afirmou o comitê, ressaltando que hospitais e ambulâncias foram severamente afetados.

Nas últimas semanas, as equipes que distribuem suprimentos essenciais às instalações médicas em Gaza “presenciaram cenas horríveis exacerbadas pela intensificação dos confrontos”, informou o CICV.

Desde o início do conflito, a ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) vêm denunciando ataques aéreos e de artilharia de Israel contra hospitais e ambulâncias.

Israel acusa o Hamas, que controla Gaza, de usar hospitais como refúgios para seus combatentes, realizar ataques e esconder túneis, acusações que o grupo nega.

O CICV destacou que hospitais pediátricos, como o hospital Nasser, que sofreu danos significativos, e o hospital Rantisi, que está inoperante, não foram poupados da violência.

O hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, “já sobrecarregado com pacientes, agora abriga milhares de famílias deslocadas que perderam suas casas durante o último mês de conflito”, afirma o CICV.

O CICV lembra que qualquer operação militar próxima a hospitais deve considerar a presença de civis, protegidos pelo direito internacional humanitário.

“As regras de guerra são claras. Hospitais são instalações protegidas especialmente pelo direito internacional humanitário”, conclui o CICV.

Israel e o Hamas, entraram hoje no 35º dia de guerra, com as forças israelenses avançando mais na cidade de Gaza e no norte do enclave, forçando milhares de civis palestinos a se deslocarem para o sul.

Mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, foram mortas em Israel desde o início do conflito, desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelense em 7 de outubro, segundo autoridades israelenses.

O Hamas elevou hoje para mais de 11 mil o número de mortos causados pelos bombardeios israelenses em Gaza, além de aproximadamente 27.500 feridos.