“Desejo que Moro e Dallagnol passem pelo que passamos”, diz o filho caçula de Lula ao DCM

Ele falou também sobre a posse de seu pai no terceiro mandato, sobre Janja e sobre histórias de sua família

Atualizado em 10 de janeiro de 2023 às 11:45
Luis Claudio, filho caçula de Lula, no ano novo
Luis Claudio e Lula no Ano Novo. Foto: Reprodução/Instagram

Aos 37 anos, Luis Claudio Lula da Silva é o filho caçula do presidente Lula e da falecida dona Marisa Letícia. Ele concedeu uma entrevista ao DCMTV para os jornalistas Kiko Nogueira e Pedro Zambarda. Na conversa, falou sobre a perseguição da Lava Jato, a morte de sua mãe dona Marisa, o preparo físico de seu pai para a política e bastidores da família.

Explicou também qual é o seu trabalho no futebol hoje na dirigência do RPE Parintins, no Amazonas, e falou sobre sua paixão e profissionalismo com o esporte.

Confira os principais trechos.

Moro e Dallagnol

“Não tomaria chope com nenhum dos dois. Pelo amor de Deus. Não desejo nada de ruim para eles. Desejo que eles passem pelo que a gente passou. Às vezes a pessoa é tão cega que não consegue enxergar o mal que fez para o próximo”, diz Luís Claudio.

“A pessoa às vezes é tão politicamente posicionada em um lado que ela acha que está fazendo o certo massacrando uma pessoa. Não acho justo massacrar. Sempre trabalhei com esporte. Uma coisa é você ser adversário dentro de campo. Outra coisa é você humilhá-la”.

A morte de Dona Marisa

Lula e Marisa Letícia

“Todo mundo questiona se minha mãe foi morta pela Lava Jato. A minha mãe tinha uma doença crônica, propensa a ter um AVC. Ela monitorava essa doença, era monitorável. Mas a pressão que essa mulher passou nem meu pai aguentaria”, afirma.

“Dia e noite estavam a imprensa e a Justiça atacando o marido e os filhos. Quem conhecia minha mãe, sabe a leoa que ela era. Poderiam bater nela que ela não ligava. Não podiam mexer nos filhos para ela. E mexeram, né? Mexeram demais. Era uma panela de pressão. Foi tanta pressão que ela não suportou”.

O que o neto de Lula sofreu antes de morrer

“Meu sobrinho que faleceu, o Arturzinho [Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, morreu por infecção de bactéria em 1º de março de 2019] sofreu na escola. Amigo levava bolo para todos na turma e menos para ele. Ou não convidava ele para a festa”, lembra.

“Isso não existe. O pai e a mãe que agem dessa forma é irracional, é monstro. Eu consigo sentar diante de qualquer pessoa que votou no Aécio, no Alckmin, no Serra, no Fernando Henrique, e conversar. Bolsonaro é outra coisa, claro. Bolsonaro é algo atípico que mostra a face nojenta da sociedade. Uma coisa é discordar politicamente, outra é fazer uma maldade a essa pessoa”.

“Arthurzinho sofria bullying. Todos os meus sobrinhos sofreram. O Arthur ficou marcado porque ele era uma pessoa do bem. Era uma criança iluminada. Nunca vi ninguém falar nada dele. Ver ele sofrer aquele bullying era inacreditável”, conta.

Quem o ajudou nos piores momentos

Ao DCM, o filho caçula de Lula recordou que foi alvo da Operação Zelotes da PF, que avançou no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (CARF) do Ministério da Fazenda em 2015. 

Na época, estava no mercado do futebol americano.

“Fiquei sem a minha empresa e sem o meu sustento. Fiz o curso da CBF para me tornar treinador de futebol. Procurei emprego na minha área. Todo mundo me atendia, elogiava meu currículo e dizia que não podia me contratar ‘por causa da conjuntura’. Foram dois anos assim”, relata.

“Parecia que nunca mais iria sair do lugar. Fiquei desesperado. O deputado Emídio de Souza de São Paulo me esticou a mão. ‘Sei que não é sua área, mas vamos trabalhar’. Fui assessor dele por dois anos na Alesp até o momento que voltou a aparecer uma oportunidade para mim no futebol. Hoje eu estou num time do Amazonas, o Parintins. Estou como diretor de futebol. Praticamente gerencio o clube como um todo”.

Paixão pelo futebol

O DCM perguntou quem é mais corintiano, ele ou seu pai, Lula. “Se fosse antes de trabalhar com futebol, diria que sou eu, porque já fui em estádio, gostava de acompanhar mais de perto. Meu pai sofre mais. Depois que você passa a trabalhar com isso, a relação se torna mais profissional”, diz.

Luis Claudio na época que trabalhou no Corinthians
Luis Claudio na época que trabalhou no Corinthians. Foto: Reprodução/ESPN

“Hoje eu não torço para o Corinthians. Eu tenho um carinho pelo Corinthians. Tenho um carinho por todos os clubes com quem eu já trabalhei. Trabalhei no Palmeiras e vestia o uniforme com maior orgulho. Uso a mesma bermuda que usava no Palmeiras em 2008”.

“As pessoas perguntam como eu faço isso sendo corinthiano. Eu falo que tenho um carinho enorme pelo Palmeiras. Tem corinthiano pior que o Andrés [Sanchez, ex-drigente do clube]? Ele reclamava que eu usava as roupas do Palmeiras. Amo o Corinthians? Amo. Mas o Palmeiras me deu coisas que nenhum outro clube me deu. O Santos também. Tive vivências com eles”.

“Quando ouço que corinthiano não pode vestir verde, acho que isso é uma besteira. Li o título de uma matéria de que o Corinthians iria pintar a grama de preto. Cara, eu acho que isso é uma doença”.

A disposição do pai

Luís Claudio diz que os filhos, netos e bisnetos se dão bem com a nova esposa de seu pai, a socióloga Rosângela “Janja” Lula da Silva. “A Janja foi a escolhida do meu pai. Se meu pai escolhesse A, B ou C, nós iríamos conviver. Ela é uma pessoa respeitosa e nós temos um convívio bacana”. 

“Esse negócio que ele tem tesão de 30 não é bem verdade. Ele tem 77 anos. Menos, bem menos. Mas ele tem uma vitalidade que é impressionante”, diz.

“Durante a campanha presidencial, me ligaram e falaram as fake news de que meu pai estaria doente. Na hora do susto com aquilo, você nem pensa e eu comecei a procurar pela internet. Na capa de um dos jornais, Globo ou UOL, era a imagem do meu pai pulando no carro do som ao lado do Haddad”.

“Mandei para a pessoa que me passou fake news e respondi: ‘isso aqui é estar doente? Se ele está, eu estou morto, então. Pode vir buscar meu corpo’”.

“No dia da posse foi a mesma coisa. Acompanhamos ele o dia todo, eu e meus irmãos. Fomos para ao Itamaraty, que tinha muita gente. Todo mundo querendo abraçar ele. Fui dormir mais cedo. No dia seguinte, soube que ele foi no show depois e fez mais coisas”.

“Espero chegar aos 70 com essa vitalidade. Ele acorda todo dia às 5h, 5h30 e corre 10 quilômetros toda vez. Ele diz que vai correr, mas não é bem correr. É trotar. Mas está de bom tamanho. É uma pessoa que já fumou e que nem sempre teve a vida tão regrada quanto hoje”.

Sex symbol?

Luis Claudio Lula da Silva
Luis Claudio Lula da Silva. Foto: Reprodução/Instagram

“A fake news do Lulinha ninguém sabe direito se é comigo ou com meus irmãos. A gente brinca que é um personagem inventado. Algum filho que meu pai teve e a gente não conheceu, da Ferrari de ouro, essas coisas”, afirma.

E Luís Claudio disse o que acha de ser considerado um “sex symbol” nas redes.

“Levo isso como meme de internet. Tem gente que diz que a barba é a maquiagem do ser humano. Acho que é isso. É o charme da barba. Tô longe de ser bonito. Quem não fica feliz é a namorada”, diz.

“Eu sou gamer. Eu curto, desde pequeno. Sempre joguei videogame. Sempre joguei jogos de computador. O difícil é o tempo. A gente vai ficando mais velho e tem que trabalhar. Vai sobrando menos tempo para jogar”.

Luís Claudio critica a mentalidade de extrema direita, e bolsonarista, que existe entre os gamers. Quando seu avô era atacado nas redes, ele não utilizava seu nome nas partidas online. Por isso nunca investiu em fazer transmissões nas redes.   

“Eu e meus irmãos gostamos de games. Viemos de uma geração que gosta muito de jogar. A gente alugava fitas de Mega Drive, Atari, a gente jogou tudo isso”, conclui.

Luis Claudio, com a gravata do pai, e seus irmãos: Fabio Luis, Sandro e Lurian
Luis Claudio, com a gravata do pai, e seus irmãos Fabio Luis, Sandro e Lurian. Foto: Reprodução/Instagram

Confira a entrevista ao DCMTV na íntegra.