“Se fosse comigo, a crise ucraniana não teria acontecido”, diz Donald Trump

Publicado originalmente no RFI

Atualizado em 22 de fevereiro de 2022 às 20:21
Foto montagem de Donald Trump, Joe Biden e Vladimir Putin
Donald Trump criticou Biden e falou da sua relação com Putin

O ex-presidente do Estados Unidos, Donald Trump, jogou ainda mais combustível no clima já tenso da crise ucraniana ao criticar, nesta terça-feira (22), a maneira como o seu sucessor, Joe Biden, vem lidando com as tensões entre a Rússia e o Ocidente. Trump destacou sua proximidade com Vladimir Putin, assegurando que o presidente russo “nunca” teria agido assim sob seu governo.

“Se bem gerenciada, não haveria absolutamente nenhuma razão para que a crise na Ucrânia se desenrolasse dessa maneira”, disse o ex-presidente americano, em um comunicado. “Conheço o Vladimir Putin muito bem e ele nunca teria feito o que está fazendo agora sob o governo Trump, de jeito nenhum!”, exclamou, reagindo à ordem do presidente russo de enviar tropas em duas áreas separatistas da Ucrânia.

A proximidade de Donald Trump com Vladimir Putin foi alvo de fortes críticas da oposição durante o mandato do republicano. Trump, que sonha com a possibilidade de voltar a disputar eleições para a Casa Branca, também descreveu como “fracas” as sanções adotadas até o momento pelo governo Biden. “São insignificantes em comparação à invasão de um país e terras estrategicamente localizadas”, acusou o ex-presidente. “Putin não apenas está conseguindo o que sempre quis, mas está ficando cada vez mais rico com o boom do petróleo e do gás”, acrescentou Trump.

Após as primeiras sanções cautelosas, visando especificamente territórios separatistas pró-Rússia na Ucrânia, a Casa Branca prometeu fortalecer sua resposta contra Moscou. O presidente Joe Biden anunciou que vai tratar sobre o assunto num discurso marcado para a noite desta terça-feira.

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Otan espera ataque em larga escala

Enquanto isso, a Otan espera um ataque em larga escala da Rússia na Ucrânia e colocou sua força de reação em alerta para defender os aliados, anunciou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, nesta terça-feira.

“Tudo sugere que a Rússia está planejando um ataque maciço na Ucrânia” depois de enviar tropas para os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste do país, disse Stoltenberg após uma reunião extraordinária da comissão Otan-Ucrânia, na sede da Aliança, em Bruxelas.

Putin diz que acordos de paz não existem mais

Depois do discurso em que reconheceu as áreas separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, o presidente russo, voltou a se expressar nesta terça-feira. “Os acordos de Minsk não existem mais, reconhecemos as DNR e LNR”, disse, usando abreviações para as regiões separatistas em Donetsk e Lugansk e citando os acordos de paz apoiados pelo Ocidente. A declaração foi feita logo após o Senado russo ter autorizado o envio de tropas para fora da Rússia.

Putin defendeu a desmilitarização da Ucrânia, citando o armamento que o país recebe de seus aliados ocidentais. “Se nossos supostos parceiros estão enchendo as autoridades de Kiev com armas modernas (…) então o ponto mais importante é, em certa medida, a desmilitarização da atual Ucrânia”, disse ele.

Moscou considerou que a “melhor solução” para acabar com a crise em torno da Ucrânia seria Kiev desistir de seu desejo de se juntar à Otan. “A melhor solução para essa questão seria se as autoridades atualmente no poder em Kiev desistissem de ingressar na Otan por conta própria e se mantivessem na neutralidade”, concluiu Putin.

EU aprova pacote de sanções

Os 27 Estados membros da União Europeia (EU) aprovaram por unanimidade nesta terça-feira um “pacote de sanções” contra a Rússia, após a decisão de Moscou de reconhecer territórios separatistas no leste da Ucrânia.

“Acordamos, por unanimidade, um primeiro pacote de sanções”, anunciou o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, após a reunião de 27 ministros das Relações Exteriores. Essas sanções “prejudicarão muito a Rússia”, acrescentou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

A revelação das primeiras sanções ocidentais contra a Rússia aponta, no entanto, um impacto limitado até o momento, tanto para Moscou quanto para as economias ocidentais. Visando principalmente o setor financeiro russo, essas sanções estão “em linha com a estratégia de uma abordagem gradual que exclui o setor de energia”, comentou à AFP Olivier Dorgans, advogado especializado em sanções econômicas do escritório Ashurst. Ele destaca, no entanto, a decisão da Alemanha de suspender o gasoduto Nord Stream II.

Europeus e britânicos concentraram seus primeiros golpes nas finanças russas. “Os bancos visados ​​pelas sanções britânicas são relativamente menores”, observa Olivier Dorgans, lembrando que muitos capitais russos fora do país já foram repatriados como medida preventiva. Assim, os anúncios direcionados a certos oligarcas e pessoas envolvidas no conflito com a Ucrânia também terão um impacto limitado na economia russa.

Entretanto, a impossibilidade de o Estado russo acessar os mercados de capitais europeus para refinanciar sua dívida, uma das sanções propostas pelo Velho Continente, pode ser muito mais penosa e pesar no valor do rublo e, por consequência, no poder de compra dos consumidores russos.

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