Apesar da farra em Dubai, Marcos Pontes fracassa em trazer congresso de aeronáutica para o Brasil

Atualizado em 29 de outubro de 2021 às 12:19
Marcos Pontes.
(Foto: Arquivo/Agência Brasil)

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, está em Dubai pela terceira vez em menos de três anos. É o ministro do governo Bolsonaro que mais viajou para fora do país.

No domingo (24), ele participou das prévias do Congresso Internacional de Astronáutica (IAC – sigla em inglês), maior evento espacial do mundo.

O principal objetivo da viagem era fazer o Brasil ser escolhido para sediar o congresso em 2024. Quem ganhou a indicação, no entanto, foi a Itália.

Mensagem em telão
“A Associação Italiana de Aeronáutica e Astronáutica (AIDAA) será a sede do 75º Congresso Internacional de Astronáutica de 2024 em Milão, Itália”, diz painel no evento em Dubai.
Foto: Reprodução

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A Agência Espacial Brasileira (AEB) vai bancar a cúpula de Marcos Pontes em Dubai com R$ 400 mil. Em uma viagem de 10 servidores, o órgão vai gastar o valor só com passagens, diárias e taxas de inscrição em eventos.

Sete deles chegaram aos Emirados Árabes Unidos no último dia 14 e todos ficam até 31 de outubro. Eles recebem todos os dias de US$ 320 a US$ 350 (de R$ 1.772 a R$ 1.939) para bancar hospedagem e alimentação.

A farra do governo brasileiro em Dubai vai custar R$ 3,6 milhões aos cofres públicos. 69 pessoas do Executivo foram para a cidade dos Emirados Árabes para feiras e exposições entre setembro e outubro.

As viagens de Marcos Pontes

Desde que foi empossado, Pontes fez 107 viagens, 20 internacionais, segundo apuração da Veja. Ele já passou por Paris, Barcelona, Washington, Orlando, Pequim e foi até à Antártida.

O valor gasto em diárias e passagens nas empreitadas do ministro soma meio milhão de reais, superior ao investido em projetos estratégicos. Um exemplo disso é a construção do Reator Multipropósito Brasileiro, que recebeu R$ 410 mil neste ano.

Além do custo, as andanças não costumam trazer avanços para a ciência no Brasil. Em geral, o astronauta simplesmente marca presença em congressos, inaugurações ou assinatura de protocolos.

Marcos Pontes ficou afastado para viagens em um a cada três dos pouco mais de 1.000 dias no cargo. A ausência dele em março, quando estava na Índia, permitiu que Bolsonaro vetasse um trecho de lei que impedia a retirada de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, maior fonte de financiamento do setor.

O investimento em ciência no Brasil desabou na gestão de Pontes. Em dois anos, o orçamento da pasta, que era de 13,6 bilhões de reais quando ele assumiu, caiu para 8 bilhões.

Quando o presidente cortou R$ 600 milhões no orçamento da ciência a pedido do Ministério da Economia, Pontes já estava de malas prontas para ir a Dubai. Ele chegou a reclamar de “falta de consideração” e disse que tentaria revertar a situação, mas até agora nada foi feito.

Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou Pontes de “burro” e reclamou que há incompetência na gestão de dinheiro público pela Ciência.

Talvez Guedes tenha razão.

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