Elo entre Bolsonaro e Israel preocupa governo em meio a crise diplomática

Atualizado em 21 de fevereiro de 2024 às 14:30
O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado do ex-embaixador de Israel Yossi Shelley. Foto: Reprodução

A relação do ex-presidente Jair Bolsonaro com o ex-embaixador de Israel Yossi Shelley tem gerado preocupação nos bastidores do Itamaraty e do Palácio do Planalto. O diplomata, que atualmente ocupa função estratégica no gabinete de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, criou laços estreitos com o clã durante a gestão anterior na Presidência. A informação é da coluna de Rodrigo Rangel no Metrópoles.

Shelley foi indicado para o posto no Brasil pelo próprio premiê e chegou a gerar polêmica durante sua passagem no cargo por aparecer em um almoço ao lado de Bolsonaro com pratos de lagosta, iguaria proibida pelas regras da alimentação judaica.

A ligação entre eles não é vista como um problema central na crise diplomática entre os governos do Brasil e de Israel, mas é algo que chama atenção. A avaliação do Itamaraty é a de que israelenses tentam usar a declaração de Lula, que comparou os ataques contra Gaza ao Holocausto, para fortalecer Netanyahu internamente e que a conexão de Tel Aviv com o cenário político brasileiro é um tema lateral no momento.

Um episódio recente, que ocorreu antes da crise, gerou desconfiança em autoridades brasileiras. Pouco antes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar a apreensão do passaporte de Bolsonaro, o atual embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou ao Itamaraty que o ex-presidente foi convidado a visitar seu território.

O embaixador Daniel Zonshine ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro e de parlamentares bolsonaristas. Foto: Reprodução

Na ocasião, Zonshine alegou que a visita não teria nada a ver com o governo israelense, mas que seria um passeio pessoal. A ideia era sinalizar que a administração Netanyahu não estaria envolvida na viagem de Bolsonaro, mas a impressão passada foi completamente contrária.

Para membros do Itamaraty, o convite israelense seria usado por Bolsonaro justamente para obter ganhos políticos e ele teria encontros “fortuitos” com membros importantes do governo local e até mesmo com Netanyahu.

A possível ida de Zonshine ao ato convocado por Bolsonaro também gerou desconfiança no Itamaraty e no Planalto. Ele, que já gerou conflito ao participar de evento com o ex-presidente no ano passado, foi especulado na manifestação, mas acabou desistindo da ideia em meio a uma possibilidade de expulsão.

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