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Armas registradas por CACs ultrapassam 1 milhão na gestão de Bolsonaro

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem gestos simulando armas enquanto comemoram a eleição do mandatário, em outubro de 2018
Foto: Lucas Ninno

Segundo um levantamento divulgado nesta quinta-feira (31), a quantidade de armamentos registrados por caçadores, atiradores e colecionadores – grupo denominado de CACs – ultrapassou a marca de 1 milhão, entre dezembro de 2018 e julho deste ano, na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A pesquisa, realizada pelos institutos Igarapé e Sou da Paz, revela que o acervo de armamentos em posse dos CACs no Brasil teve um aumento de 350.683 para 1.006.725 armas registradas, um crescimento de 187%.

O período do crescimento desenfreado corresponde ao mandato de Bolsonaro, defensor declarado da liberação do porte de armas para a população. Desde novembro de 2021, mais de 200 mil armas foram registradas. Os institutos da pesquisa atribuem a ampliação violenta do acervo à gestão do atual presidente, que tenta a reeleição.

Em meio à política pró-armamento da atual gestão, os CACs cresceram 474%, passando de 117.467, em 2018, para 673.818 membros registrados até 1º de julho deste ano. Atualmente, o número de pessoas que integram o grupo já é maior que os 406 mil policiais militares da ativa no Brasil e os 360 mil homens das Forças Armadas.

Bruno Langeani, gerente de projetos do instituto Sou da Paz, critica a ausência de critérios para adquirir as armas, tal qual a falta de fiscalização em relação à utilidade do armamento. Segundo ele, os usos das armas devem ser comprovados antes que possam ser adquiridas.

“Hoje, um atirador esportivo, no primeiro mês de registro, mesmo sem ter nenhuma experiência, já pode pedir a compra de 30 fuzis de uma vez. Não precisa ter nenhuma justificativa. São esses tipos de brechas que têm feito a gente ver essa infiltração do crime organizado”, informa Bruno.

Langeani explica que o crescimento do número de armas de fogo mais potentes em posse dos CACs é efeito de decretos assinados por Bolsonaro em 2019, o que facilitou o acesso e a compra de um tipo de armamento que só podia ser usado por forças policias e pelas Forças Armadas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Exército já foram questionados sobre os números, porém, não retornaram.

Veja o infográfico construído pelo Estadão que demonstra o crescimento do acervo de armas dos CACs por região:

Infográfico sobre crescimento do armamento de CACs por região
Foto: Reprodução/Estadão
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