Bolsonaro contraria fala desastrosa de Guedes sobre teto de gastos
Após o ministro da economia, Paulo Guedes, dizer que estudaria uma forma de alterar o teto de gastos para colocar em prática o novo programa social do governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma afirmação que o contraria. Bolsonaro disse que “ninguém está furando o teto”, apesar do seu ministro ter admitido a manobra.
A confusão é referente ao pagamento do Auxílio Brasil, benefício social que está sendo criado para suceder o Bolsa Família, cujo valor foi definido em R$ 400 reais. O presidente promete o pagamento do programa “com responsabilidade”.
Leia mais:
1. Bolsonaro vai inaugurar obra que não funciona em Pernambuco por culpa dele próprio; entenda
2. “Não se faz reforma no CNMP entregando mais nomeações a Lira e ao Centrão”, diz presidente do PSOL
3. Ministro da Justiça pede que PF investigue revista IstoÉ por capa com crítica a Bolsonaro
Na noite de quarta-feira (20), Paulo Guedes tinha apresentado duas possibilidades para “abrir espaço” no orçamento e criar o Auxílio Brasil. Uma delas era uma revisão antecipada do teto dos gastos, que foi aprovado em 2016. Essa revisão está prevista somente para quando a medida fizer 10 anos, em 2026. Outra possibilidade apresentada pelo ministro seria um “waiver” de R$ 30 bilhões, que é uma “licença” para furar o teto.
As duas opções desagradaram o mercado. Ontem mesmo o dólar chegou a R$ 5,66 e o índice Ibovespa passou a operar em forte queda.
Os investidores queriam que Bolsonaro financiasse o Auxílio Brasil cortando investimentos em outras áreas. O mercado avalia que o “drible” no teto de gastos é para conquistar benefícios eleitorais ao presidente na campanha de 2022.
Os investidores parecem não entender, no entanto, que, nesse momento, 20 milhões de brasileiros passam fome e outros 70 milhões se encontram em situação de insegurança alimentar.