Capitólio: Tragédia foi evento natural e pode se repetir, diz polícia

A Polícia Civil do Estado de Minas Gerais informou, nesta sexta-feira (4), que apesar das irregularidades encontradas, foram encerradas as investigações sem apontar culpados para a queda de uma rocha no Lago de Furnas, em Capitólio, no Sul de Minas Gerais. O incidente aconteceu em 8 de janeiro e deixou dez pessoas mortas.
Ainda segundo o inquérito, outros pontos próximos ao local do acidente apresentam problemas semelhantes e, por isso, novas quedas podem ocorrer. Um laudo foi realizado pelo perito em geologia da Polícia Civil, Otávio Guerra. Segundo ele, não seria possível dizer exatamente há quanto tempo o paredão estava se desgastando.
“Não foi um único evento. Foi uma sequência de ocorrências que vêm existindo há centenas, talvez milhares de anos”, analisou. Agora, o documento conclusivo está de posse do Ministério Público de Minas Gerais, que analisará o caso.
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Irregularidades encontradas em Capitólio não têm relação com a tragédia
Embora as causas da tragédia tenham sido naturais, o delegado regional de Passos, Marcos Pimenta, encontrou irregularidades, que foram inseridas no inquérito.
“Nós averiguamos eventuais irregularidades do empreendimento, mas essas irregularidades não estão conexas com o tombamento da placa rochosa. Se houvesse (conexão), indiciaríamos os responsáveis pelos dez homicídios, o que não ficou comprovado”, afirmou.
Conheça as irregularidades
Em primeiro lugar, as investigações apontaram problemas na área dos cânions. Elas concluíram, por exemplo, que apenas crianças e idosos utilizavam coletes salva-vidas. Outro problema encontrado diz respeito à legislação, que permite 40 embarcações nos local. Para a Polícia Civil esse número é muito elevado.
Além disso, um decreto municipal de Capitólio previa a existência de um píer que seria utilizado para fiscalizar as embarcações. Mas, de acordo com o policial, esse píer chegou a existir, mas “desapareceu há alguns meses e não foi reposto”.
Em segundo lugar, uma irregularidade técnica chama a atenção. Segundo o delegado, uma empresa que atua na região de Capitólio tinha solicitado ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) autorização para a perfuração de um poço de 80 metros de profundidade O objetivo seria o de verificar a disponibilidade de água.
No entanto, segundo as investigações, a perfuração foi feita por uma empresa com outro CNPJ e com profundidade de 288 metros. “Quando não se encontra água no poço, tem que fechar e comunicar ao Igam no prazo legal de 30 dias, e não houve por parte das empresas, por nenhum CNPJ, essa comunicação”, disse o delegado.