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Ex-presidentes e parlamentares de 26 países dizem que Bolsonaro prepara “insurreição” no 7 de setembro

O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP

Em carta, ex-presidentes e parlamentares de 26 países dizem que o ato golpista de Jair Bolsonaro é “uma insurreição”. O documento deve ser divulgado nesta segunda (6) e conta com mais de 150 signatários. Entre eles estão os ex-presidentes Fernando Lugo (Paraguai), Ernesto Samper (Colômbia), Rafael Correa (Equador), José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha) e o vice-presidente do parlamento do Mercosul, Oscar Laborde.

Noam Chomsky e Cornel West, além do Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel também estão na lista de signatários. Parlamentares da Grécia, Reino Unidos, Estados Unidos, França, Nova Zelândia, Austrália, Equador, Chile e Uruguai também são listados no documento. Segundo eles, os protestos para o 7 de setembro são “uma insurreição” e “colocará em risco a democracia no Brasil”.

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Signatários acreditam que Bolsonaro prepara “ameaça iminente às instituições”

Na carta, os signatários apontam uma séria preocupação com o ato. Segundo eles, há uma “ameaça iminente às instituições democráticas no Brasil”. Citam “grupos supremacistas, polícia militar e servidores públicos em todos os níveis de governo” nos atos.

Para o grupo, bolsonaristas “estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte e o Congresso”. E alimentam “temores de um golpe na terceira maior democracia do mundo”, segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha.

A carta foi articulada pela Progressive International, rede global progressista. No mês passado, eles enviaram uma delegação para o Brasil para sondar as ameaças do governo Bolsonaro.

Leia a carta na íntegra

Nós, representantes eleitos e líderes de todo o mundo, estamos soando o alarme: em 7 de setembro de 2021, uma insurreição colocará em risco a democracia no Brasil.

No momento, o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados – incluindo grupos de supremacia branca, polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis do governo – estão preparando uma marcha nacional contra a Suprema Corte e o Congresso em 7 de setembro, alimentando temores de um golpe em a terceira maior democracia do mundo.

O presidente Bolsonaro intensificou seus ataques às instituições democráticas do Brasil nas últimas semanas.

Em 10 de agosto, ele dirigiu um desfile militar sem precedentes pela capital, Brasília, enquanto seus aliados no Congresso promoviam reformas radicais no sistema eleitoral do país, amplamente considerado um dos mais confiáveis ​​do mundo.

Bolsonaro e seu governo ameaçaram – várias vezes – cancelar as eleições presidenciais de 2022 se o Congresso não aprovar essas reformas.

Agora, Bolsonaro convida seus seguidores a viajarem a Brasília no dia 7 de setembro, em um ato de intimidação às instituições democráticas do país.

De acordo com uma mensagem transmitida pelo presidente em 21 de agosto, a marcha é a preparação para um “contra-golpe necessário” contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

A mensagem afirmava que a “constituição comunista” do Brasil tirou o poder de Bolsonaro e acusou “o Judiciário, a esquerda e todo um aparato de interesses ocultos” de conspirar contra ele.

Membros do Congresso no Brasil alertaram que a mobilização de 7 de setembro teve como modelo a insurreição na capital dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, quando o então presidente Donald Trump encorajou seus partidários a “parar o roubo” com falsas alegações de fraude eleitoral em eleições presidenciais de 2020.

Estamos seriamente preocupados com a ameaça iminente às instituições democráticas do Brasil – e estamos vigilantes para defendê-las antes de 7 de setembro e depois.

O povo brasileiro tem lutado por décadas para proteger a democracia do regime militar.

Bolsonaro não deve ter permissão para roubá-lo agora.