Células nazistas crescem 58% e especialistas veem banalização do discurso de ódio

O número de células nazistas no Brasil cresceu 58% nos últimos dois anos. O levantamento é da antropóloga Adriana Dias. Ela estime que existiam 334 células em 2019 e o número subiu para 530 neste ano. Há 20 anos, quando começou a pesquisar o tema, não se tinha a dimensão que elas tomariam nas redes sociais e na deep web. À época, o número não passava de dez.
“Em 2002, meus dados já me indicavam que em 2020 o Brasil teria um governo de extrema direita. À época, me chamavam de louca. A realidade foi confirmando minha pesquisa, e isso é assustador”, afirmou a antropóloga ao jornal O Globo.
Para pesquisadores e historiadores que acompanham o avanço do neonazismo no Brasil, há uma banalização do discurso de ódio. Eles temem que a disseminação de fake news nas redes, aliada à polarização política, pode impulsionar ainda mais o crescimento das células.
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Denúncias de sites nazistas cresceram nove vezes em um ano
As denúncias anônimas envolvendo endereços na web cresceram nove vezes em um ano. Em 2019, foram recebidas e processadas 1.071 denúncias de neonazismo. Elas envolviam 544 páginas e 212 foram removidas. No ano seguinte (2020), foram 9.004 denúncias anônimas de 3.884 páginas. 1.659 delas foram removidas. Os dados são da ONG SaferNet Brasil, focada no estudo do discurso de ódio no país.
O diretor-presidente da entidade, Thiago Tavares, culpa o discurso político pelos números: “A radicalização do discurso político tem legitimado e empoderado células extremistas que atuam principalmente na região Sul do país e amplificado o ódio, o preconceito e a intolerância contra quem pensa diferente”.
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