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Ex-ministro de Dilma cobra Sergio Moro: “Tem muito a explicar”

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José Eduardo Cardozo fala sobre Moro

José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça do governo Dilma, afirma em entrevista a Veja que a iniciativa de Sergio Moro, ao divulgar que ganhou R$3,7 milhões da consultoria Alvarez & Marsal não resolve problema.

Questionado se a iniciativa de Moro encerrava o caso, Cardozo deixou claro que não. Na opinião dele, há indícios de um conflito de interesse em um grau alto. Por isso é defensor que todos os detalhes sejam investigados.

“É um contrato de valor bastante elevado, possivelmente dez vezes o que ganhava como juiz. A grande questão que se coloca é a existência de conflito de interesse. Pode um juiz que julgou empresas e homologou delações premiadas de dirigentes dessas empresas atuar dando consultoria para a companhia que tem relação com as empresas julgadas por ele? Parece evidente que há conflito de interesses, em grau bem mais acentuado do aquele que Moro condenava quando isso acontecia com outras pessoas. O juiz Sergio Moro decretaria medidas de apuração desse contrato dele. Não só determinaria buscas e apreensões como também uma prisãozinha preventiva para que esse Sergio Moro consultor delatasse eventuais comparsas. Acho que o seu contrato deve ser investigado e essa divulgação não resolve definitivamente o problema.”

O jornalista fala que Moro e a Alvarez & Marsal disseram várias vezes que o envolvimento de Moro foi blindado de atividades relacionadas à recuperação judicial das companhias atingidas pela Lava Jato. Cardozo fala que precisa investigar isso.

“A palavra da pessoa suspeita nunca é suficiente para afastar a suspeição. É necessário investigar dentro da lei. Mesmo assim eu posso detectar um possível conflito de interesses. Se a empresa tinha algum tipo de atuação frente ao investigado na época, em tese, poderia hoje estar retribuindo favores prestados. Em outras palavras, eu posso estar hoje retribuindo favores passados sem vinculá-lo especificamente às situações em que ele prestou favores. O conflito de interesses se dá potencialmente. Desse ponto de vista, de um comportamento imoral, antiético e até de improbidade, essa é uma questão que tem que ser examinada, sim. Não basta demonstrar que Moro não atuou nos casos que ele efetivamente julgou.”

Também é conversado que Moro se diz vítima de abuso, porque o TCU investiga seus ganhos na consultoria Alvarez & Marsal e o contrato é privado. Cardozo fala que Moro é daqueles que aplica regras nos outros, mas que essas não se alocam a ele. Cardozo também fala que Moro defendeu contra a corrupção, e depois diz que isso é certo e está na lei:

“Sergio Moro é um exemplo daquele que faz, mas não quer que seja feito em relação a ele. Vou dar um exemplo: Moro defendeu as dez medidas contra a corrupção. Uma dessas medidas dizia que provas ilícitas deveriam ser utilizadas para condenar pessoas. Ele e seus colegas foram hackeados, suas mensagens foram divulgadas. Qual foi a primeira defesa que Moro fez? “Isso é prova ilegal e não pode ser utilizada.” Aí eu ri. Se tivesse sido aprovada a medida que ele defendia, ele seria condenado por aquilo que foi achado no respectivo celular. Inclusive até hoje ele titubeia, as mensagens são falsas, não são falsas.”

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Ex-ministro de Dilma critica Moro

É perguntado ao ex-ministro se o TCU está cometendo alguma arbitrariedade contra Moro. Ele fala que deve ser investigado, que isso tem a ver com a vida pública.

“Eu acho que essa apuração tem que ser feita. Se efetivamente o TCU tem diante de si fatos que podem levar a condutas que envolvem gestos e ações de agentes públicos, ele tem que investigar. A apuração diz respeito ao período de atuação privada dele, mas tem relação com a vida pública. No caso do sítio de Atibaia, Lula já não era mais presidente da República, mas Moro disse que tinha relação com aquilo que ele fez na vida pública. E agora cai nessa contradição ridícula? Ele falava em “corrupção potencial”, teoria hoje aplicável ao caso em que ele se encontra.”

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