Historiador argentino diz que ‘nova direita’ protesta contra governos e a política’

Historiador, jornalista e escritor argentino Pablo Stefanoni lançou em 2021 um livro que busca responder a uma pergunta provocadora: “A rebeldia passou a ser de direita?”.
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Historiador fala da extrema direita
Hoje vivendo em Madri, ele segue estudando um movimento que, diz, age “num terreno fértil para forças mais obscuras num momento em que grandes setores da população vivem uma onda de pessimismo”, diz o jornal O Globo.
Veja trecho da entrevista:
“Que diferenças o senhor vê entre a direita latino-americana e a europeia?
Acho que todas pertencem a um movimento antiprogressista, e por isso pontes entre elas acabam sendo construídas. Em alguns aspectos, são parecidas, em outros não. Mas todas têm aversão ao progressismo e são parte de uma guerra cultural, não apenas política. Cada uma dessas direitas foi construída com características próprias. Alguns de seus líderes são outsiders, como é o caso do candidato a deputado Javier Milei na Argentina. Outros, como José Antonio Kast, no Chile, têm uma raiz histórica forte, no caso o pinochetismo.
Milei é uma espécie de anarquista, que atrai muito os jovens. Sempre falou mais de economia, mas quando entrou na política adotou discursos dessa direita global, de Bolsonaro, Trump, começou a falar contra o comunismo, a questionar as mudanças climáticas, dizer que era uma invenção do socialismo. Na América Latina, diferentemente da Europa, as direitas têm alguns elementos característicos, entre eles seu vínculo, ou não, com ditaduras. Também a questão da existência, no passado, de movimentos subversivos em seus países. Onde houve guerrilhas, as direitas são mais duras
Em seu livro, o senhor se pergunta se hoje a rebeldia é de direita…
As direitas usam hoje formas mais transgressoras do que as que usavam as direitas tradicionais. As feministas do Vox, por exemplo, dizem que são as verdadeiras feministas. Essas direitas captaram a frustração de uma época e se tornaram canais de protesto contra governos e formas de fazer política. Fica claro que, quando se tornam governo, enfrentam muitas dificuldades para governar. Elas chutaram o balde e disputam com a esquerda a canalização da crise que provoca a incerteza sobre o futuro. No passado, a esquerda era quem oferecia um futuro, uma promessa de emancipação. Isso se quebrou, e nessa ruptura essas direitas passaram a prometer utopias relacionadas a um passado de grandeza. Prometem fechar fronteiras, pregam a ideia de que houve um momento de glória e que depois dele veio a decadência”.
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