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“Lula não precisa de uma muleta eleitoral”, diz Rui Falcão sobre chapa Lula-Alckmin

Veja o Rui Falcão
Rui Falcão. Foto: Câmara

Ranier Bragon entrevistou Rui Falcão, ex-presidente do PT e deputado federal, na Folha de S.Paulo. Falaram sobre a possibilidade da chapa Lula-Alckmin.

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O que Rui Falcão falou?

Há espaço para um governo do PT que não faça alianças ao centro e até com partidos de direita? 

Isso depende ainda das decisões do diretório ou do encontro nacional, mas, na minha opinião, nós temos que ter uma política de alianças centrada nos partidos do campo democrático e popular, que pode se expandir. Ter um programa que atraia eventualmente outros setores além da esquerda, mas não rebaixá-lo para ser aceito pelo centro e pela Faria Lima.

Em 2002, Lula teve como vice o empresário José Alencar, do PL. Por que não pode ter, hoje, Alckmin? 

Ninguém aferiu até hoje se a presença do Zé Alencar e a carta aos brasileiros [destinada a acalmar os mercados] foram as responsáveis pela vitória do Lula. O Fernando Henrique já vinha com oito anos de governo, desgastado, com crise em andamento.

Na época se dizia que o Lula não tinha experiência e não era confiável porque ia quebrar contratos. Hoje o Lula tem uma reputação real de estadista. Todas as pesquisas, inclusive as do Datafolha, consideram que ele foi o melhor presidente. Então, ele não precisa de uma muleta eleitoral, como seria a presença do Alckmin.

Isso não significa repelir alianças e apoio, inclusive de pessoas como ele. Foi importante, por exemplo, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha dito que, depois de ter votado nulo ou em branco em 2018, esteja disposto a votar no Lula se o segundo turno for entre Lula e Bolsonaro. Isso não significa que vamos, para ter esse apoio, modular nosso programa.

Como ter governabilidade se a ideia é não modular o programa para atrair apoio fora da esquerda? 

Temos tido experiências recentes, como no Chile, Honduras, Peru e, potencialmente, na Colômbia, de que a população, diante da crise, que é brutal, quer solução urgente para os seus problemas. E as políticas neoliberais, que vêm sendo praticadas no Brasil, estão sendo superadas no mundo todo. Fala-se, “você quer emprego ou quer direito?”. As pessoas querem as duas coisas.

Podemos também caminhar para propostas setoriais. Por exemplo, tem o economista Carlos Gadelha, e a Fiocruz está nisso, apresentando a ideia do complexo econômico industrial da saúde. Em 20 anos a importação de fármacos, insumos e vacinas cresceu de US$ 4 bilhões para US$ 16 bilhões, sem que tenha havido nenhum crescimento das exportações brasileiras na área. Tem emprego direto na área de saúde de 8 milhões, mas pode ampliar para 20 milhões.

Tem que dar sustentabilidade à produção da região Amazônica, sem derrubar floresta, sem mineração, sem invasão de terras indígenas. Agregar valor ao açaí, por exemplo, dá mais renda potencial do que produzir soja.

Então esse debate de ficar procurando uma saidinha para o teto de gastos, de fazer a reforma administrativa para reduzir a folha de pagamento, isso não é o que move a população”.

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