Da Coluna de Chico Alves no UOL:
Até à performance de quarta-feira, 7, na sessão do Supremo Tribunal Federal, em que citou várias vezes Bíblia e colocou a Constituição em segundo plano, André Mendonça tinha bom conceito na Corte.
Tanto que Jair Bolsonaro recebeu o aval de Dias Toffoli e Gilmar Mendes quando decidiu nomeá-lo como sucessor de Sergio Moro no Ministério da Justiça. Porém, a pregação religiosa que o atual advogado-geral da União fez para defender o funcionamento de templos na pandemia mudou radicalmente o quadro.
Ministros ficaram seriamente preocupados com a possibilidade de Mendonça ser indicado por Bolsonaro para a vaga que será aberta pela aposentadoria do decano Marco Aurélio.
Consideram que o único escolhido de Bolsonaro a integrar a Corte, Kassio Nunes Marques, tem surpreendido negativamente pelas frágeis sustentações de seus votos, muitas vezes dando a impressão de que quer torcer o entendimento das leis para agradar ao presidente da República.
Com Mendonça, alguns ministros acreditam que a qualidade do STF poderia cair vertiginosamente, já que se mostrou praticamente um fundamentalista, ao defender que os fiéis estão dispostos a morrer de covid-19 em nome da fé.
Integrantes do STF passaram a dividir essa preocupação com alguns senadores. Como se sabe, o Senado tem que referendar os nomes encaminhados pelo presidente para que a nomeação seja efetivada.
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