Moraes manda PF explicar nova suspeita de interferência de Bolsonaro
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou o prazo de 10 dias para o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Márcio Nunes de Oliveira, explicar uma troca na corporação ocorrida sem autorização judicial. A corte quer que ele esclareça a substituição do diretor de investigação e combate ao crime organizado, Luís Flávio Zampronha.
A decisão de Moraes veio após um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e foi feita dentro do inquérito que apura suspeitas de interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na PF. Em 2020, o mandatário trocou o chefe do órgão no RJ e exonerou o então diretor-geral, Mauricio Valeixo, para interferir em investigações que poderiam prejudicá-lo. Semana passada, a Polícia Federal concluiu que não houve interferência.
Na ação, Randolfe escreveu o seguinte: “Conhecendo o histórico de um Presidente da República que subjuga a Polícia Federal aos seus interesses próprios, trocando cargos de cúpula da Polícia Federal como quem movimenta peças em um tabuleiro, buscando interferir na atuação de investigações ─ sendo esse, inclusive, o objeto do presente Inquérito ─, é evidente que o movimento de troca na Diretoria-Geral da PF se deu em razão do desagrado do chefe do Executivo Federal com a conclusão a que chegou o órgão no âmbito do Inquérito 4.878/DF”.
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Mudança de Bolsonaro na PF surpreendeu policiais
A mudança de Bolsonaro na PF surpreendeu policiais da corporação, incluindo o ex-diretor-geral Paulo Maiuruino. Ele não esperava a troca de comandante feita nesta sexta-feira (25). Maiuruino, seu chefe de gabinete, Marcelo Andrade, e o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Luiz Flávio Zampronha estavam em São Paulo quando souberam da troca autorizada por Bolsonaro.
No lugar de Maiuruino foi colocado o delegado Márcio Nunes. Mesmo que a troca seja vista como mais uma questão sem tanta importância dentro da Polícia Federal, a indicação de Nunes mostra uma possível diminuição no clima interno com o fim das crises que marcaram a gestão Maiuruino.