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Pastores afastam indígenas da vacinação contra covid, dizem lideranças

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Da Deutsche-Welle Brasil.

Na Terra Indígena Araribóia, na Amazônia maranhense, doses de vacina contra a covid-19 começaram a chegar. Ao mesmo tempo que aldeias aguardam com ansiedade o imunizante, há também uma resistência grande. Pastores e membros de igrejas evangélicas locais vêm pedindo aos indígenas que não se vacinem, segundo relatos coletados pela DW Brasil.

“Eles [líderes evangélicos] estão dizendo que [a vacina] vem junto com um chip, que tem o número da besta, que vira jacaré…”, conta uma assistente social que conversou com a DW Brasil e prefere não ter seu nome revelado nesta reportagem.

Ela está em missão especial na região para esclarecer como as vacinas de fato funcionam. A campanha de desinformação é difundida via áudios e vídeos pelo celular, pelo sistema de radiofonia entre as aldeias e por cultos presenciais, aponta.

No caso do Maranhão, relatam indígenas, a maior influência é da igreja Assembleia de Deus. A DW entrou em contato com a Convenção Geral das Assembleias de Deus para esclarecer se a entidade é contrária à vacinação, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

Até esta quinta-feira (28/01), mais de 220 mil brasileiros morreram vítimas da covid-19. Segundo apontaram testes, as duas vacinas aplicadas atualmente momento no Brasil, Coronavac e Oxford-AstraZeneca, com eficácias diferentes, ajudam a diminuir o número de pacientes graves que precisam de internação, além de protegerem contra o vírus.

Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, foram confirmados 41.251 casos da doença entre essa população, com 541 mortes.

O dado oficial, que não considera aqueles que vivem fora dos territórios homologados, não reflete a realidade da pandemia, afirmam organizações indígenas, apontando que o número seria, na verdade, três vezes maior.

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