Como os votos de PDT e PSB podem facilitar reeleição de Bolsonaro

Da coluna de Guilherme Amado
A aprovação em primeiro turno da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios não teria passado sem os dez votos de deputados do PSB e 15 do PDT, na noite desta quarta-feira (4/11).
É só fazer a conta. O governo teve 312 votos, quando precisaria de 308. Sem esses 25 votos, seriam 287 e a PEC morreria na praia. Como sobreviveu, Bolsonaro agora está mais perto de conquistar alguns marcos importantes na sua caminhada para ser reeleito em 2 de outubro de 2022.
A PEC dos Precatórios cria um limite anual para o pagamento das dívidas do governo com pessoas e empresas que ganharam ações na Justiça. Na prática, é um calote em quem está há anos esperando receber algo que é seu por direito.
Isso libera orçamento para o governo viabilizar o Auxílio Brasil, programa social que vai substituir o Bolsa Família, e garante que Bolsonaro continue a torrar bilhões com emendas pelas quais tem comprado apoio político. Também assegura, por exemplo, que militares, outra base de sustentação importante do governo, continuem a ser favorecidos no orçamento.
Em resumo, ao aprovar o calote, deputados do PDT e do PSB deram um cheque gordo para Bolsonaro trabalhar para ser reeleito. A ironia da coisa é que o pedetista Ciro Gomes badalava na campanha de 2018 que iria tirar o nome do brasileiro do SPC. Seu partido agora aprovou um calote, e não foi só nas costas de quem tem créditos a receber. (…)
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Até Tabata Amaral votou contra PEC dos Precatórios
Ao contrário de seu ex-partido, Tabata Amaral votou contra a PEC dos Precatórios. Ela foi um dos 144 votos contrários à medida. O PDT, por sua vez, somou 15 votos aos 312 que aprovaram a proposta na Câmara dos Deputados.
Pelo Twitter, a deputada se manifestou. “É uma gambiarra do governo para tentar garantir a reeleição. Falta decência para enfrentar os supersalários e pôr um fim ao toma lá dá cá de emendas em troca de apoio, para aí sim abrir espaço fiscal para a urgente ampliação de programas sociais”.
Tabata já votou pela Reforma da Previdência e pela privatização dos Correios, mas hoje não foi alvo de críticas por sua posição na Câmara.