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Filha de segurado da Prevent relata ‘tratamento precoce’ sem consentimento

Veja a Prevent Senior
Prevent Senior. Foto: Divulgação

A roteirista e diretora de cinema Bel Bechara buscou tratamento para seu pai, Murillo Bechara, 91, na rede Prevent Senior. Em depoimento ao jornal Folha de S.Paulo, ela relata as semanas de internação do aposentado e o sofrimento da família à luz do que tem sido exposto na CPI da Covid.

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Tratamento sem consentimento na Prevent Senior

“Fui comunicada que a equipe médica queria conversar comigo. Ao chegar ao hospital, um médico paliativista, seguido por um séquito de jovens (talvez alunos) me comunicou que meu pai tinha sido sedado com morfina depois de uma piora e que não seria intubado.

Ao tentar questionar, ele respondeu: ‘Não estou perguntando, estou comunicando’. Disse ainda que a missão dele era proteger os pacientes de familiares como eu, dispostos a submetê-los a intervenções dolorosas que não levam a nada.

Nesta altura, eu já conhecia o conceito de distanásia, da qual estava sendo acusada. Mas a Covid era uma doença nova e, conversando com vários médicos, fiquei sabendo de casos como o de uma idosa de 94 anos com mais comorbidades que meu pai que chegou a ser intubada e sobreviveu. A geriatra particular que cuidava do meu pai opinou: neste caso, a escolha deveria ser da família”.

E ela completou:

“Quando ele faleceu, tive que ir ao necrotério ‘reconhecer o corpo’. Naquele cenário de muitas mortes e caixões fechados, me pareceu uma medida de segurança para evitar erros.

Como estava proibida a manipulação de corpos, não havia possibilidade de limpeza ou tratamento funerário. Eu o encontrei ensanguentado dentro de um saco azul. Ninguém deveria ver uma pessoa amada nessas condições.

Saindo dali, entrei no elevador, onde dois funcionários comentavam sobre o médico paliativista que ‘aprontou de novo’, com novas reclamações de outra família. Eles riam.

O horror já estava posto, mas ficar sabendo agora, pela CPI, que era tudo proposital, que colocavam idosos no paliativo para reduzir custos e distribuiam remédios ineficazes por motivos ideológicos eleva tudo ao patamar de crime contra a humanidade. Que sejam responsabilizados e possamos reconstruir nosso país”.