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Relatório usado por Bolsonaro para mentir sobre mortes por Covid foi alterado, diz auditor do TCU

Auditor da TCU diz que relatório usado por Bolsonaro foi alterado – Foto: Reprodução

O auditor do TCU afirmou que o relatório usado por Jair Bolsonaro para mentir sobre mortes por Covid foi alterado. Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques contou o fato em depoimento. Ele é investigado por produzir um documento que levantava suspeitas de superdimensionamento no número de mortes por Covid-19 no Brasil. Os dados foram citados pelo presidente.

“Quando eu vi o pronunciamento do presidente Bolsonaro, eu fiquei totalmente indignado, porque achei totalmente irresponsabilidade o mandatário da nação sair falando que o tribunal tinha um relatório publicado, que mais da metade das mortes por Covid não era por Covid. Eu achei bem, uma afronta a tudo que a gente sabe que acontece, a todas as informações públicas, à ciência”, declarou Marques, segundo O Globo.

O servidor prestou os esclarecimentos no processo disciplinar aberto contra ele. Alexandre pode ser afastado do cargo efetivo e até ser demitido. Atualmente, o profissional cumpre afastamento das suas funções.

Tudo começou no dia 7 de junho, quando Bolsonaro afirmou para apoiadores um suposto “estudo paralelo” do TCU. O presidente disse que o documento mostra que há a conclusão que das mortes por Covid em 2020 não teriam sido causadas pela doença.

O Tribunal de Contas da União soltou um comunicado afirmando que não há informações em relatórios no TCU que sustentassem a afirmação do presidente. Na época, o tribunal deixou claro que não era responsável pelo documento. E ainda relatou que a análise era pessoal e feita por Alexandre.

Questionado se poderia ter ocorrido adulterações no documento, Alexandre afirmou que acredita que pode ter ocorrido.

“[O material] não tinha nenhuma alusão ou identidade visual do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse arquivo em pdf que viralizou, não tinha nenhuma identidade visual, data, assinatura, nada. Era somente um só arrazoado. Esse arquivo foi alterado depois que eu passei pro meu pai. No meu arquivo não tinha qualquer menção ao TCU, não tinha destaques e grifados, nada disso. Depois que saiu da esfera privada, particular, como era um arquivo em Word ele poderia ser editado por qualquer pessoa”, relatou.

Marques ainda declarou que encaminhou ao pai, o coronel da reserva Ricardo Silva Marques, uma mensagem. O texto tinha um levantamento redigido por ele em 31 de maio sobre as mortes causadas por Covid-19. “Porque esse era um assunto do qual eles costumavam tratar informalmente”, explicou.

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Bolsonaro foi colega de pai de servidor

Bolsonaro foi colega de turma do pai do servidor na Academia Militar das Agulhas Negras. “Eu peguei informações da internet e fiz um arrazoado para gerar uma discussão”, prosseguiu falando em depoimento.

“Mostrei para o meu pai, e em nenhum momento eu imaginei que ele fosse encaminhar isso para outra pessoa. Na segunda-feira foi quando eu tomei conhecimento da fala do presidente Bolsonaro e fiquei atônito”, concluiu.