Senadores reagem a tentativa de Bolsonaro de intimidar STF e falam de impeachment

Senadores criticaram Jair Bolsonaro por causar crise institucional e citam impeachment.
Neste sábado (14), para intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente anunciou que processará ministros.
Segundo ele, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes “extrapolam os limites constitucionais”.
“Na próxima semana, levarei ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal”, diz.
O trecho do artigo citado, em seu inciso II, diz que é papel do Senado Federal processa e julgar ministros da Corte por crime de responsabilidade.
No entanto, no inciso anterior, o artigo diz que é competência da casa legislativa fazer o mesmo com presidentes e vice-presidentes.
A senadora Simone Tebet lembrou que “quem pede para bater no ‘Chico’, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o ‘Francisco’ habita o Inciso I, do mesmo endereço”.
Ela ainda questionou se o presidente tem certeza da decisão.
Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no “Chico”, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o “Francisco” habita o Inciso I, do mesmo endereço. pic.twitter.com/pBaRkDj2iO
— Simone Tebet (@simonetebetbr) August 14, 2021
Humberto Costa, por sua vez, aponta que a medida é mais um avanço no “discurso autoritário”.
“Cada vez acuado por conta de uma série de denúncias contra o seu governo, Bolsonaro tenta mais uma vez intimidar a Justiça. A olhos vistos, o presidente avança no seu discurso autoritário. É preciso dar um basta de uma vez por todas nessa milícia golpista”.
Cada vez acuado por conta de uma série de denúncias contra o seu governo, Bolsonaro tenta mais uma vez intimidar a Justiça. A olhos vistos, o presidente avança no seu discurso autoritário. É preciso dar um basta de uma vez por todas nessa milícia golpista.
— Humberto Costa (@senadorhumberto) August 14, 2021
Alessandro Vieira chama a ação de “cortina de fumaça”.
Segundo o parlamentar, o possível processo se dá para “tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio presidente cometeu”.
Ministros do STF podem e devem ser investigados por fatos concretos, mas o tal pedido de impeachment que Bolsonaro pretende apresentar contra Barroso e Moraes é só + uma cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio PR cometeu.
— Alessandro Vieira (@_AlessandroSE) August 14, 2021
Randolfe Rodrigues, líder da oposição, chama o anúncio de “arroubo autoritário” e garante que “será repelido pela democracia”.
Bolsonaro, vá trabalhar! Ao invés de arroubos autoritários, que serão repelidos pela democracia, vá pegar no serviço! Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de COVID-19! VAI TRABALHAR! pic.twitter.com/zFCcyNJas5
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) August 14, 2021
A declaração de guerra de Bolsonaro
Após ataques, ameaças e provocações, Bolsonaro decidiu declarar guerra oficialmente.
O presidente recentemente foi incluído no inquérito das fake news e virou alvo de processo administrativo na corte eleitoral.
Atualmente, são sete investigações que miram o presidente nos dois tribunais.
Nas últimas semanas ele tem ameaçado os ministros da Corte.
O presidente sugeriu colocar apoiadores nas ruas para “dar o último recado” a Barroso.
“Se o povo estiver comigo, nós vamos fazer com que a vontade popular seja cumprida”, disse ele no cercadinho.
Ele também chamou Moraes de “ditador” e ameaçou:
“A hora dele vai chegar”.
Ironicamente, a declaração de guerra do presidente à Corte não surgiu quando mandou colocar tanques de guerra nas ruas.
O conflito foi anunciado pelo Twitter, quatro dias depois do ato golpista.
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2 – O que diz o Artigo 52 da Constituição, que o presidente quer usar contra STF