Sérgio Camargo foi acusado de assédio moral antes de comandar a Fundação Palmares

Presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, foi nesta semana afastado pela Justiça das atividades relacionadas à gestão de pessoas da instituição. Dessa forma, ele fica proibido de nomear e exonerar servidores. Essa decisão acontece no âmbito de uma ação do Ministério Público do Trabalho que pede o afastamento de Camargo da presidência da Palmares por denúncias de assédio moral, perseguição ideológica e discriminação contra funcionários da instituição, informa Eduardo Moura na Folha de S.Paulo.
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Esse não foi o único caso de Sérgio Camargo
Muito antes de assumir o cargo no governo Bolsonaro, Camargo já tinha sido acusado de assédio moral por ex-colegas. Alguns dos relatos sobre o seu histórico profissional foram revelados pelo site Alma Preta em março deste ano.
Reportagem pediu um posicionamento de Camargo em relação às acusações por meio da assessoria de imprensa da Fundação Palmares, mas não obteve retorno até a publicação.
O atual presidente da Palmares é jornalista e passou por importantes veículos de imprensa na capital paulista. “Sou jornalista e tenho lugar de fala!”, ele postou no Twitter no início do mês passado, ao afirmar que passaria a chamar os principais veículos de imprensa do país de “marginais”. É uma reação a como a imprensa vem cobrindo sua gestão na Fundação Cultural Palmares.
De 2000 e 2015, ele bateu ponto no prédio de três andares onde funcionava a Agência Estado, no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, conforme informa seu currículo no site da Palmares e segundo quatro ex-colegas ouvidos por este repórter, mas que preferiram não se identificar.
No turno da madrugada, Scamar —contração do nome e sobrenome de Camargo e como era conhecido pelos colegas— chegou a ter cargo de chefia.
Esse trabalho consistia em compilar material vindo de agências de notícias e jornais de grande circulação para montar uma espécie de newsletter impressa que resumia as principais notícias do Brasil e do mundo, inicialmente enviada por fax aos leitores.
Das 22h às 5h do dia seguinte, Camargo às vezes trabalhava ouvindo Mahler e Schubert no fone de ouvido —e dava boas dicas de música clássica aos colegas, dizem. Entre os assuntos para a hora do cafezinho, musculação era um de seus tópicos preferidos.
Também fazia piadinhas homofóbicas e preconceituosas, mas eram os anos 2000, quando era mais comum fazer vista grossa a esse tipo de coisa.
Colegas de redação também destacam que Camargo se posicionava fortemente contra cotas raciais.