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Mentira de Skaf espalhada por Paulo Guedes causa crise na Febraban

Paulo Skaf e Paulo Guedes.
FOTO: CARTA CAPITAL

Da coluna de Malu Gaspar

O recuo de Paulo Skaf, que adiou a publicação do manifesto “pela harmonia dos poderes” a pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira, não foi o único movimento do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para tentar diminuir o atrito com o governo.

Na segunda-feira pela manhã, quando percebeu que a crise iniciada no final de semana em torno da adesão da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ao documento não acalmaria, Skaf telefonou para Paulo Guedes para se justificar. (…)

Foi dessa conversa que o ministro da Economia tirou a declaração que deu na porta da casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,  no final da manhã de segunda-feira. Guedes estava lá para discutir uma solução para o alto valor dos precatórios previstos para pagamento no ano que vem.

“A informação que eu tenho é que havia um manifesto de defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum. E que alguém na Febraban teria mudado isso para, em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo. E aí a própria Fiesp disse que não iria fazer o manifesto, que está até suspenso por causa disso. Não estão chegando a um acordo”, declarou Guedes.

A Febraban, porém, distribuiu nota negando tal informação.

Ao saber da resposta da entidade, o ministro da Economia disse a vários interlocutores – inclusive da própria federação de bancos  – que apenas repetiu o que ouviu de Skaf.

Procurado por meio da assessoria da Fisep, Skaf disse que não comentaria o episódio.

A atitude do presidente da Fiesp foi mal recebida não apenas entre banqueiros, mas também por outros setores do empresariado que já haviam apoiado a publicação do documento.  (…)

Vingativo, Bolsonaro rompeu com Skaf

O vingativo presidente Bolsonaro não gostou nem um pouco do manifesto em favor da harmonia dos poderes. O mandatário disse a aliados ter considerado a operação liderada pelo presidente da Fiesp uma traição. Bolsonaro  avalia que a atitude deve selar o afastamento entre eles. A informação é da CNN Brasil.

Para o governo, o gesto de Skaf tem motivação política na medida em que coincide com a aproximação do projeto presidencial que vem sendo capitaneado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

O ex-prefeito de São Paulo lhe ofereceu uma vaga ao Senado na chapa que pretende lançar ao governo paulista tendo Geraldo Alckmin na cabeça de chapa e Márcio França na vice.

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Palácio se revoltou

O Palácio do Planalto se revoltou também porque Bolsonaro nomeou Skaf para o Conselho da República em 19 de fevereiro.

A indicação é vista como um gesto político relevante.

Afastamento

Skaf tem dito que o movimento tinha o objetivo de ajudar a estabilizar a relação entre os poderes.

Ele e Bolsonaro, porém, não se falam há semanas.

O distanciamento foi sendo maior conforme Bolsonaro foi estimulando o ministro dos Transportes, Tarcisio Freitas, a disputar o governo de São Paulo em 2022.

Skaf tinha essa pretensão. Já disputou e perdeu o cargo em 2018 e 2014.