Desconsolada, Vera Magalhães ataca articulação Lula-Alckmin

A jornalista Vera Magalhães, de O Globo, fez críticas à articulação em torno dos nomes de Geraldo Alckmin e Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2022. Ela escreveu uma coluna sobre esse assunto nesta quarta (1).
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O que Vera Magalhães escreveu
Diz ela:
“Lulécio, Bolsodoria, Dilmasia, as combinações políticas são tão desprovidas de sentido quanto o resultado linguístico das aproximações.
Agora, quando começam a esquentar as especulações para 2022, um novo ser de proveta vai sendo gestado: o Lulalckmin.
Representantes do que pode haver de mais distante no pensamento político e nas práticas de governo nas últimas décadas, o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo pelo PSDB Geraldo Alckmin ensaiam uma chapa presidencial.
O que pegou muitos aliados de ambos de surpresa vai avançando à base de muito constrangimento e desculpa dos dois lados para negar o passado de pesadas críticas recíprocas e até o confronto direto entre ambos na campanha de 2006.
Na ocasião, Alckmin sentou a pua na corrupção petista revelada um ano antes nos escândalos do mensalão, da casa do lobby de Palocci e dos aloprados com dinheiro vivo em sacos para atingir José Serra — tucano como o próprio Alckmin.
Do lado de lá, sob a batuta de João Santana, que estreava no comando do marketing petista, Lula dizia que Alckmin acabaria com o Bolsa Família se eleito e, num programa de TV, mostrava o mapa do Brasil como um tabuleiro de Banco Imobiliário, em que as empresas públicas iam sumindo, numa simulação do que seria a volta do PSDB ao poder.
O ataque levou Alckmin ao mico de aparecer com uma jaqueta e um boné com os logotipos do Banco do Brasil, da Caixa, dos Correios e de outras estatais para negar que fosse vendê-las”.
Ela desenvolve:
“O flerte com Lula lhe dá a chance de sonhar de novo com Brasília, ainda que aceitando trocar o Alvorada pelo Jaburu, residência oficial do vice, e mantém acesa a chama da revanche, uma vez que Doria é um potencial candidato no ano que vem.
Lula, por sua vez, sabe que um vice que o aproxime do centro e até de uma parcela do eleitorado conservador é importante numa eleição que pode contar com nomes desse campo, como Bolsonaro, Sergio Moro e Doria”.
E completa:
“Lulalckmin, na proveta, parece uma ideia genial de tão improvável. Na prática, ainda precisa passar na prova das ruas e pelo crivo dos caciques. Não é pouca coisa”.