Exclusivo: Lula entregou ao Papa carta da mulher de Assange pedindo audiência; visita ocorreu hoje

Atualizado em 30 de junho de 2023 às 11:54
Lula e o Papa Francisco no Vaticano

João Pedro Stédile, fundador do MST, e a jornalista Sara Vivacqua enviaram carta de Stella Assange, mulher de Julian Asssange, a Lula, pedindo que o presidente do Brasil a entregasse ao Papa Francisco.

Stella pedia uma audiência. Lula respondeu dizendo que fazia questão de levar a missiva e de falar do caso a Francisco, demandando uma solução humana e o fim da perseguição política a Assange.

Quatro dias depois, durante entrevista de Stella a Sara para o DCM, o telefone dela tocou com o número do Vaticano. O encontro foi marcado para esta sexta, dia 30.

A campanha vinha há anos tentando esse contato através de autoridades argentinas e italianas. Como declarou Stella em sua entrevista para Sara, “quando Lula fala, o mundo inteiro escuta”.

A reunião ocorre na hora mais crucial, quando Assange está a dias de uma eminente extradição.

Leia a carta na íntegra:

Sua Santidade o Papa Francisco,

Permita-me apresentar minhas condolências pelo falecimento de Sua Santidade, o Papa Bento XVI.

Gostaria de agradecer sinceramente sua preocupação com a situação de meu marido, Julian Assange. Julian está prestes a cumprir quatro anos de detenção administrativa na Prisão de Alta Segurança de Belmarsh, lutando contra sua extradição para os Estados Unidos, onde pode enfrentar confinamento solitário e uma sentença de 175 anos de prisão por publicar informações verdadeiras sobre crimes de guerra.

Stella Assange após audiência com o Papa

Sua situação é grave e urgente. Existe uma possibilidade real de que os tribunais emitam uma ordem de extradição para os Estados Unidos em breve, já que o processo judicial no Reino Unido pode chegar ao fim nas próximas semanas. Sua saúde mental e física piora diariamente e ele sofreu um mini-derrame na prisão. A prisão não é lugar para uma pessoa que defendeu a verdade e a justiça. Temo pela vida dele todos os dias. Esta não é apenas minha avaliação pessoal, mas os tribunais britânicos reconheceram, por meio de provas periciais, que existe uma probabilidade muito alta de Julian, se extraditado, acabar com sua vida.

Nossos filhos Gabriel (5) e Max (3) tiveram que aprender que a opressão, a tristeza e as limitações de uma prisão de alta segurança são o único espaço possível para uma relação pai-filho. É difícil para qualquer adulto entender a situação injusta a que Julian está submetido, mas eles têm que vivê-la em seus jovens corações. Mas não posso dizer que seu pai pode desaparecer de um dia para o outro de suas vidas.

Vossa Santidade, dada a urgência e gravidade da situação de Julian, gostaria humildemente de solicitar uma reunião privada com para que eu possa discutir pessoalmente a situação de meu marido com você o mais rápido possível.

Atenciosamente e com profundo respeito,

Stella Assange