Fertilizantes: Sanções levam Rússia a pedir suspensão de exportações

Atualizado em 4 de março de 2022 às 21:32
Rússia fertilizantes
Governo russo pediu que fabricantes suspendam exportação de fertilizantes por conta da desorganização logística provocada por sanções. Foto: Reuters.

O governo da Rússia, através do Ministério da Indústria e Comércio, decidiu recomendar, nesta sexta-feira (4), que fabricantes de fertilizantes suspendam suas exportações. Medida pode afetar o Brasil e soa como mais um embaraço para o governo Jair Bolsonaro (PL). 

Na última quinta-feira (3), Bolsonaro e o premiê britânico Boris Johnson falaram por telefone e concordaram em pedir um cessar-fogo urgente.  A divulgação do conteúdo da ligação teria causado constrangimento no governo e contraria o posicionamento de neutralidade defendido por Bolsonaro.

O motivo da decisão do governo Russo em pedir a suspensão das exportações é a desorganização da cadeia logística de exportação provocada pelas sanções impostas a diversos setores da economia da Rússia.

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Entenda os motivos do pedido de suspensão da importação de fertilizantes

Para se ter uma ideia do que está acontecendo em solo russo, transportadoras ocidentais suspenderam seus negócios com a Rússia como forma de punição pela guerra. Com isso, navios de contêineres e caminhões não estão operando mais em portos russos.

“Falhas no embarque de fertilizantes podem afetar diretamente a segurança nacional de vários países e causar graves consequências na forma de escassez de alimentos para centenas de milhões de pessoas já no médio prazo”, diz a nota do ministério. 

“Recomendamos a suspensão temporária do embarque de fertilizantes russos para exportação até que os transportadores retomem o trabalho rítmico e forneçam garantias para a implementação de entregas”, acrescentou.

Tereza Cristina já havia descartado importação de fertilizantes durante a guerra

No Brasil, a medida do governo Russo funcionou como um tapa na cara de Bolsonaro. Isso porque o presidente esteve em Moscou às vésperas da invasão na Ucrânia justamente para estabelecer contratos mais sólidos e de longo prazo com a Rússia, o que não se concretizou. Na ocasião, a viagem foi compreendida como um sinal de apoio a Vladimir Putin. 

O Brasil importa 23% dos seus fertilizantes fosfatados e nitrogenados da Rússia, e 3%, da ditadura da Belarus. Apesar disso, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou, nesta quinta-feira (3), que enquanto durar a guerra está descartada a possibilidade de o Brasil receber fertilizantes dos dois países. Os estoques atuais de fertilizantes para as lavouras devem durar até outubro. 

Ainda segundo Tereza Cristina, o Brasil errou ao não criar  um programa nacional para a produção de fertilizantes. A previsão é a de que o governo federal lance ainda este mês o Plano Nacional de Fertilizantes, para reduzir a dependência de importações do produto.

“Esse plano está pronto, não foi por causa desta crise. Isso nós pensamos lá atrás, no seu governo, de que o Brasil, uma potência agro, não poderia ficar nessa dependência, do resto do mundo, de mais de 80% nos três produtos, de vários países”, disse.

Segundo a ministra, a suspensão da importação de fertilizantes já era certa porque o Brasil não tem como pagar esses produtos nem possui navios para carregar. “Enquanto houver guerra, é totalmente descartada a possibilidade de receber fertilizantes”, declarou Tereza em transmissão ao vivo nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro, na última quinta-feira (3).

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