O cinema documental brasileiro ganhou mais uma peça importante para reconstrução de um período tão sofrido como os anos de chumbo da ditadura militar.
A trajetória de Manuel da Conceição é mais uma que veio à tona. No último sábado, 18/03, tive a honra de ser convidado para o lançamento e debate, após a exibição, de “Minha Perna Minha Classe – a trajetória de Manuel da Conceição”.
Com orçamento enxuto, foi dirigido por Arturo Sabóia e teve produção executiva de Cássia Melo durante o período pré e pós pandemia.
Seu lançamento teve como palco a Cinemateca de São Paulo, lugar mais que indicado por sua vocação de guardiã da memória cinéfila de resiliência contra o atraso e tentativa de anulação da cultura nos últimos 4 anos de desgoverno Bolsonaro — inclusive com direito a um incêndio.
O público foi prestigiar a recuperação histórica desse humanista e líder camponês, fundador do PT e da CUT, de carisma indiscutível e entendimento profundo sobre as dramáticas limitações do campesinato maranhense, absurdamente explorado pelos senhores dos latifúndios.
Das barbaridades a que foi submetido pela tortura e crueldades inomináveis de repressões feitas por jagunços e PMs, culminou a amputação de uma de suas pernas, sempre a mando de quem tentou calar a voz dos líderes populares.
Levaram-no a lugares muito distantes deste Brasil profundo que o forjaram guerreiro da justiça e paz. Manuel está vivo nos ideais e memórias dos sobreviventes.
O mais triste é constatar que nestes mais de 55 anos de luta à qual Manuel se entregou, as desigualdades ainda existam e careçam de conquistas e avanços na forma de utilização das terras produtivas.
O documentário está no YouTube desde o dia 22/03/23 para quem quiser entender mais um pouquinho desse período traumático e de um de seus heróis.