A referência ao Holocausto tem sido objeto de polêmica nas esferas políticas do Brasil, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usar o termo para falar do genocídio praticado por Israel contra palestinos na Faixa de Gaza no último domingo (18). Com a repercussão, a fala do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) que usou o extermínio de judeus durante a II Guerra Mundial tem sido relembrada.
Em setembro do ano passado, durante uma sessão da CPI do 8 de Janeiro, Flávio fez uma analogia entre as prisões de envolvidos nos ataques contra a praça dos Três Poderes e as mortes de judeus pelos nazistas durante o Holocausto. Suas palavras foram duramente criticadas por representantes da oposição, que as consideraram absurdas e desrespeitosas.
“A gente via pessoas com medo, querendo fugir do nazismo e sendo direcionadas para dentro de estações de trem de uma forma pacífica. Enquanto estavam nas estações de trem, eram ligadas as câmaras de gás, e as pessoas morriam aos milhares, muito parecido com o que aconteceu aqui nas prisões dos dias 8 e 9 de janeiro: ‘Entra aqui nesse ônibus, vamos te colocar na rodoviária para você voltar para a sua casa’. E o destino foi o presídio”, disse o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na ocasião.
Se essa fala ABSURDA do senador Flávio Bolsonaro não for punida, tá tudo completamente liberado.
O cidadão comparou as prisões do 8 de Janeiro, efetuadas pela polícia, com o que os nazistas fizeram no holocausto.pic.twitter.com/0vW7BPpJEQ
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) September 26, 2023
Segundo o advogado Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo jurídico Prerrogativas, a comparação de Flávio Bolsonaro foi vista como hipócrita pela comunidade, destacando a seletividade na indignação. Para ele, a fala banalizou o mal ao equiparar eventos tão distintos.
“Veja como a indignação é seletiva. A comparação do Flávio Bolsonaro, dentro ou fora do contexto, foi absolutamente absurda, desrespeitosa. Essa, sim, vulgariza, banaliza o mal. Mas não houve qualquer tipo de reação, a comunidade ficou em silêncio”, disse Marco Aurélio Carvalho em entrevista à Folha de S.Paulo.
No entanto, para pessoas próximas ao governo, a crítica é vista como injusta. Carvalho argumentou que Lula, ao criticar os ataques de Israel à faixa de Gaza, não teve a intenção de minimizar o Holocausto, demonstrando uma compreensão profunda da importância histórica desse evento.
“O Holocausto sempre traz polêmicas, mas isso não quer dizer que o presidente Lula tenha tentado relativizar, ou coisa do gênero. Ele jamais faria isso. Ele é uma pessoa extremamente culta e sabe a importância que a memória desse evento tem”, afirmou.