Nesta terça-feira (8), o Brasil foi alvo de denúncias e críticas da alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Ela denunciou a violência policial no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra afro-brasileiros e o incluiu entre os cerca de 40 países do mundo onde a situação de direitos humanos é considerada crítica.
Esse balanço com os países é feito por Bachelet um vez por ano, citando os piores casos e situações de violações. O Brasil aparece entre os locais que geram preocupação. “No Brasil, 79% das pessoas mortas em intervenções policiais em 2020 eram de origem africana, segundo uma organização não governamental. Estatísticas preocupantes nesta mesma linha surgem em vários outros países”, disse a alta comissária.
A atual percepção da ONU é de que não se trata de uma prioridade do governo lidar com esse fenômeno, mas Bachelet fez um apelo para que as autoridades nacionais – em todas as regiões do mundo – “assegurarem uma responsabilidade imediata e efetiva pelas mortes nas mãos das autoridades policiais”.
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Governo Bolsonaro na contramão da ONU
As críticas contra a atuação das forças policiais no Brasil não são novas. O Brasil já aparece entre os locais que geram preocupação pelo terceiro ano consecutivo.
Nos últimos meses, o governo brasileiro recebeu uma série de cartas de protestos e queixas por parte de relatores da ONU, denunciando a violência policial e a situação de afrobrasileiros. Há uma semana, a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, viajou até Genebra para fazer um discurso na ONU sobre a situação dos direitos fundamentais no país, mas sequer citou a violência policial.
“O governo Bolsonaro sempre promoveu e defendeu a paz. Também defendemos a liberdade e a vida, desde a concepção, como os direitos mais fundamentais do ser humano. Sempre defendeu a paz para todos os países e para todos os continentes”, foi uma parte de seu discurso, posteriormente comparado a um palanque eleitoral pela audiência.