Heleno disse à PF que grupo de Sara Winter contou-lhe que atacaria STF

Heleno entregou os extremistas

Atualizado em 11 de fevereiro de 2022 às 8:23
A imagem do general Heleno
General Heleno. Foto. Agência Brasil

Relatório da Polícia Federal (PF) disponibilizado nesta quinta (10) mostra o depoimento do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Augusto Heleno, no qual ele declara ter realizado ao menos uma reunião com o grupo extremista 300 do Brasil, diz o jornal O Estado de S.Paulo, o Estadão.

Esse grupo extremista bolsonarista já protagonizou ataques com fogos de artifício à sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Também designou um funcionário do seu gabinete para atuar como interlocutor do governo junto aos militantes.

Na oitiva, em dezembro do ano passado, o militar disse ter mantido contato temporário com os ativistas porque “vislumbrava possibilidade de conflito”.

Declarações de Heleno foram colhidas pela delegada da PF Denisse Dias Rosas no âmbito do inquérito das milícias digitais em curso no STF, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. As provas reunidas até o momento e o relatório da investigação foram disponibilizados na noite desta quinta-feira, 10, ao magistrado para que dê encaminhamentos.

De acordo com o Heleno, as “ações hostis” dos 300 do Brasil “contra jornalistas que acompanhavam o dia a dia do presidente” não eram de interesse do governo.

Ministro disse então ter decidido promover uma reunião em seu gabinete no GSI para mitigar tais atos. No encontro, que durou aproximadamente uma hora, os militantes teriam mencionado o interesse em adotar “posturas contra o STF”. Porém, o general disse à PF ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra a instituição.

Além do grupo extremista, o ministro disse ter recebido em seu gabinete o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, mas não lembra do que teriam tratado naquela ocasião. Segundo Heleno, o influenciador – atualmente foragido nos Estados Unidos – “era uma pessoa que tinha acesso ao presidente”.

Heleno declarou que o contato com os extremistas era necessário diante da possibilidade de ataque. Por isso era preciso “que houvesse uma posição pacífica de tal grupo para que o Governo Federal pudesse avançar nas negociações junto aos outros poderes”. Durante o período que os 300 do Brasil permaneceu ativo, sob o comando da ex-bolsonarista Sara Winter, o Palácio do Planalto radicalizou o discurso contra o STF.

Ministro afirmou ter entrado em contato com a líder do grupo durante as manifestações antidemocráticas de 2020. Em um dos atos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou em frente ao Quartel General do Exército em Brasília a milhares de manifestantes que pediam por intervenção militar. Na ocasião, o chefe do Executivo declarou que o governo não iria “negociar nada”.

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Heleno prevaricou e deveria se demitir

O ministro militar do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência prevaricou, ou seja, deixou de cumprir sua obrigação como agente público para inibir o crime desses extremistas.

Confira o relatório aqui.

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