O oito de março – que foi e é, como todas as outras datas políticas/históricas, transformado em data comercial e romântica -, assume um significado mais radical, e um tanto mais triste, no Brasil desses tempos, o Brasil de Bolsonaro, Damares e Arthur do Val.
É possível “celebrar” esta data – é possível celebrar qualquer coisa? – no país que nega absorventes às mulheres pobres e inaugura o conceito de “pobreza menstrual”? É possível atravessar o bendito oito de março sem infartar antes das 8 da manhã com centenas de emojis de rosas enviados por homens que te desrespeitam e assediam no resto do ano?
Podemos, afinal, deixar que esse dia termine sem lembrar que o Brasil ainda registra um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas? É preciso repetir esses dados chocantes, quer se queira, quer não, e dizer uma vez mais que em 2021 as taxas de desemprego aumentaram exponencialmente mais entre as mulheres do que entre os homens, porque toda crise no capitalismo patriarcal escolhe suas vítimas baseada sobretudo nos papéis de gênero.
Eu e minhas companheiras gostaríamos, enfim, de ter algo para celebrar, mas nunca foi tão difícil. Não sou capaz, então, de resistir à tentação de me abrigar no passado, no tempo em que tínhamos uma presidenta que não precisava viver à sombra de um homem. Gosto de lembrar, como antídoto para todo esse terror, que esse tempo existiu no longínquo Brasil pré-golpe.
Lembremos então que o presidente mais honesto que este país já conheceu é uma presidenta. Lembremos da honradez de Dilma sentada no banco dos réus da ditadura, que é a mesma honradez que ela demonstrou quando foi atacada com um golpe institucional misógino.
Lembremos que seu nome está limpo e sua reputação intacta, e que aqueles que a acusavam têm vergonha de olhá-la nos olhos. A mulher mais corajosa que a política brasileira já conheceu resiste conosco a esse presente tenebroso.
No Brasil agora infestado de “tias” do conto da Aia, como Damares, lembremos que ainda existem as Dilmas, as mulheres de grelo duro. A coragem dessa mulher – que enfrentou de cabeça erguida uma perseguição hostil e desumana – é como um elixir de força para as mulheres progressistas nesses tempos sombrios.
Leia mais:
1- VÍDEO: Dilma sobre mulheres: “No nosso governo, conquistaram muito”
2- Dilma entra na lista das cinco mulheres mais admiradas do Brasil
3- Lula prepara viagens pelo Brasil para conter avanço de Bolsonaro
Siga lendo o artigo “Homenagem a Dilma Rousseff, a mulher mais corajosa que já pisou no Planalto”
Como toda mulher golpeada pelo patriarcado – “nós somos mulheres, a força nos encontra” – Dilma Rousseff ressurgiu mais forte, e a história se encarregou de provar sua inocência.
Uma mulher que foi perseguida por não se dobrar, por seguir suas convicções e defende-las até o fim, por proteger o pré-sal e a dignidade do povo brasileiro, esta mulher é, sem sombra de dúvidas, o Brasil de verdade.
Que em outubro tenhamos, nas urnas, a consciência de que só há uma escolha acertada para quem, como Dilma, ainda sonha com um Brasil justo.
Por Nathalí
Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link