Igrejas evangélicas diminuem grana na TV e miram web atrás de novos fiéis

Atualizado em 2 de novembro de 2023 às 14:51
Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia e R.R Soares. Foto: reprodução

As igrejas evangélicas pentecostais estão revendo seu interesse na TV aberta como um canal viável de expansão. Das cinco principais igrejas desse segmento, somente a Igreja Universal do Reino de Deus mantém parcerias em quatro das maiores redes de televisão do Brasil, enquanto as demais estão mirando a web para atrair novos fiéis.

A Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada por R.R. Soares, a Mundial do Poder de Deus, liderada por Valdemiro Santiago, e a Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, liderada por Silas Malafaia, optaram por migrar suas operações para a internet.

R.R. Soares mantém contratos apenas com a RedeTV!, onde paga R$ 2,5 milhões por mês para ocupar parte da programação matinal e uma hora no horário nobre da emissora.

Malafaia abandonou a televisão, encerrando seu programa “Vitória em Cristo”, que estava no ar desde a década de 1990. A Mundial ainda mantém contratos com emissoras menores e a Rede Mundial, um canal aberto exclusivo com concessões em várias capitais.

O foco dessas igrejas atualmente está na internet. Denis Munhoz, ex-executivo da Record e RedeTV! e representante da Igreja Mundial nos Estados Unidos, afirma que investir na internet é mais vantajoso do que pagar milhões por horários na TV.

“As coisas mudaram drasticamente. As igrejas notaram que o valor pago era muito elevado. Com a internet, deu uma nova estrada. Ainda não é o mesmo alcance da TV aberta, mas com a internet dá para tocar. E os custos de manutenção da internet são bem mais baixos”, disse Munhoz.

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Valdemiro Santiago, R. R. Soares e Silas Malafaia. Foto: reprodução

Mesmo nas emissoras menores, como RedeTV!, TV Gazeta, CNT e Rede 21, os contratos com as grandes igrejas tornaram-se escassos. Atualmente, apenas aquelas igrejas que estão em fase de crescimento e buscam exposição procuram acordos financeiros.

Um exemplo é a Igreja Unida Deus Proverá, fundada no início deste ano, que adquiriu duas horas de programação matinal na Band no final do mês passado. Desde então, a igreja produz o programa “Desperta Brasil”, que combina pregação, notícias e fofocas de celebridades.

Em 2013, os evangélicos investiram cerca de R$ 1,3 bilhão na compra de horários na televisão, de acordo com dados do Ministério Público Federal na época. No entanto, esse valor diminuiu para cerca de R$ 1 bilhão atualmente, representando uma queda de 24% nos investimentos.

Vale destacar que esse valor é inflacionado principalmente devido aos investimentos significativos da Igreja Universal para exibir programas na Record, a segunda maior emissora em audiência do país, de propriedade de Edir Macedo.

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Edir Macedo. Foto: reprodução

De acordo com o balanço financeiro de 2022 publicado pela Record, a Igreja Universal contribuiu com R$ 907 milhões para a emissora, um aumento de 10% em relação aos R$ 822 milhões de 2021. Esse dinheiro ajudou a conter uma crise financeira enfrentada pela Record, que resultou em demissões na empresa este ano. A expectativa é que a Igreja contribua com menos dinheiro em 2023 devido aos cortes de gastos.

Em outras emissoras, a Igreja Universal renegociou seus contratos. Com a RedeTV!, onde ocupa atualmente três horas de programação, a Universal conseguiu reduzir os valores em uma negociação realizada no ano passado.

Em relação à TV Gazeta de São Paulo, onde ocupa 13 horas de programação, a Igreja Universal concordou em ajustar o valor para R$ 15 milhões, desde que ocupasse quatro horas do horário nobre.

Fora da Universal, os valores praticados são significativamente mais baixos. Para evitar prejuízos, as outras igrejas adotaram novos critérios para a compra de horários. Agora, elas exigem uma cobertura mínima nas grandes capitais, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, e um investimento contínuo na expansão por todo o país.

As igrejas que não possuem pelo menos 60% de cobertura nas televisões do país são excluídas. Isso foi o que aconteceu com a Rede NGT, uma emissora de menor porte, que deixou de atrair grandes redes e passou a vender espaços para igrejas de bairro, mesmo estando presente nas maiores capitais.

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