Incêndios no Havai: balanço de vítimas mortais continua a aumentar

Atualizado em 12 de agosto de 2023 às 13:56
Foto da destruição provocada pelo incêndio em Lahaina, na ilha de Maui, no estado norte-americano do Havai, a 11 de Agosto de 2023.
Foto da destruição provocada pelo incêndio em Lahaina, na ilha de Maui, no estado norte-americano do Havai, a 11 de Agosto de 2023. AP

O arquipélago de Havai ainda conta o número de mortos após uma série de incêndios de grandes proporções que começaram na terça-feira e devastaram cidades inteiras. Em Lahaina, no Condado de Maui, as imagens tiradas na sequência dos incêndios revelam um cenário de destruição, com os incêndios a arrasarem por completo a ilha de Maui.

De acordo com as autoridades locais o balanço mais recente, que pode vir a aumentar, dava conta de 80 mortos na manhã deste sábado, e uma quantidade imensurável de danos às infra-estruturas vitais. Trata-se do maior desastre natural da história do arquipélago norte-americano – ultrapassando o tsunami em Hilo na década de 1960 que vitimou 61 pessoas – e um dos incêndios mais mortais dos Estados Unidos desde 2018, quando o incêndio florestal “Camp Fire” provocou 85 vítimas mortais no estado da Califórnia e reduziu a cidade de Paradise a cinzas.

Cães farejadores com capacidade para cheirar cadáveres vindos da Califórnia e de Nova Iorque começaram a chegar à ilha de Maui na sexta-feira, segundo constata o presidente da autarquia, Richard Bissen Jr. Equipas de resgate continuam as buscas por eventuais sobreviventes. A Casa Branca disponibilizou comida e água suficiente para 5000 pessoas para cinco dias, enquanto o condado do Havai criou uma força-tarefa para apoiar Maui, inclusive ajudando as pessoas a encontrar moradia, disse o presidente da autarquia, Mitch Roth.

Os sobreviventes desta tragédia contam o drama vivido e denunciam energicamente a capacidade de resposta das autoridades, mas também a falta de organização dos serviços de socorro. Um inquérito foi aberto para investigar a gestão desta crise. Anne Lopez, procuradora-geral do Havai declarou que os seus serviços se comprometem a “compreender as decisões tomadas durante os incêndios” e prometeu “partilhar com o público os resultados da auditoria”.

Isto ocorre, pois, as sirenes de alarme da região não estavam activas quando o incêndio começou na terça-feira, como confirma a Agência de Gestão de Emergências do Havai.

Em declarações ao canal de televisão CNN no sábado, a deputada Jill Tokuda disse que o Estado “subestimou a letalidade e a rapidez do fogo”, e não conseguiu planear eventuais lacunas no seu sistema de alerta. Tokuda disse que, hoje em dia, “os alertas de emergência são recebidos por mensagem”, mas que, na altura, não havia cobertura de telemóvel na zona.

“Não é que os ventos com força de furacão sejam desconhecidos no Havai, ou que haja mato seco, ou condições de bandeira vermelha. Já vimos isso antes, com o (furacão) Lane. Não aprendemos a lição com o Lane (em 2018) – que os incêndios de arbustos poderiam eclodir como resultado da agitação dos ventos do furacão abaixo de nós para o sul. Temos de garantir que faremos melhor”, disse.

De acordo com o Monitor da Seca dos Estados Unidos, a seca agravou-se no Havai durante a semana passada, levando à propagação dos incêndios. “Os ventos fortes do furacão Dora, a 800 quilómetros milhas a sul do Havai, juntamente com os baixos níveis de humidade, produziram condições meteorológicas perigosas para os incêndios” até à tarde de quarta-feira. As gramíneas e os arbustos invasivos também se tornam altamente inflamáveis na estação seca, disseram os cientistas.

Embora diversos incêndios de grandes proporções tenham assolado o Havai nos últimos anos, a agência de gestão de emergências do Havai publicou no ano passado um relatório no qual descreveu o risco de incêndios florestais para a vida humana como “baixo”.

A congressista disse compreender que os residentes esperem acções por parte dos legisladores, afirmando que “temos de estar presentes para os ajudar na reconstrução” que “vai levar anos, gerações”.

O Centro de Desastres do Pacífico (PDC) e a FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergências) estimaram o custo da reconstrução das infra-estruturas de Lahaina em 5,52 mil milhões de dólares. Um total de 2 719 estruturas foram danificadas ou destruídas, mais de 800 hectares arderam, e 86% dos edifícios expostos ao fogo foram classificados como residenciais, segundo as autoridades.

Publicado na RFI

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