Indigenista da Funai, desaparecido no AM, foi ameaçado por pescadores

Atualizado em 6 de junho de 2022 às 15:20

O servidor da Funai, Bruno Araújo Pereira, desaparecido no Vale do Javari, na Amazônia. vinha recebendo ameaças de invasores — Foto: Daniel Marenco /O Globo

Pescadores que praticam de maneira ilegal a retirada diária de toneladas de peixe pirarucu e tracajás, se sentiam prejudicados e alegavam perseguição contra a família de trabalhadores. Eles ameaçaram o indigenista Bruno Araújo que está desaparecido há mais de 24 horas.

Bruno Araújo Pereira é ativo combate aos invasores do Vale do Javari, região amazônica com a maior concentração de povos isolados do mundo. Ele já foi um coordenador regional da Funai em Atalaia do Norte (AM). Ele, juntamente com Beto Marubo (coordenador da entidade, e o servidor da Funai), vinham recebendo ameaças de morte.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), recebeu uma carta dos pescadores que dizia em um trecho: “Sei que quem é contra nós é o Beto Índio e Bruno da Funai, quem manda os índios irem para área prender nossos motores e tomar nosso peixe. Só vou avisar dessa vez, que se continuar desse jeito, vai ser pior para vocês. Melhor se aprontarem. Tá avisado”

O indigenista acompanhou recentemente uma apreensão de materiais de pesca, caça e dezenas de quilos de peixe e tracajás.

Bruno desapareceu junto ao jornalista inglês Dom Phillips, quando faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, os dois desapareceram no Vale do Javari. O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF) e o Exército já foram acionados para realizar as buscas.

Bruno Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai e grande conhecedor da região, é também membro do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi) e muito respeitado pelos indígenas.

Devido o ocorrido, a Funai afirmou que acompanhar o caso, está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas. “Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares”, diz a nota.

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