Investigações apontam para omissão da Guarda Presidencial nos atos do dia 8

Atualizado em 20 de janeiro de 2023 às 13:53
Soldados fazendo a proteção do Palácio do Planalto, a sede da Presidência
Foto: Reprodução

Apesar das diversas investigações e punições após as invasões terroristas em Brasília (DF), ainda existe um ponto muito importante em relação aos atos de vandalismo que continua envolto em mistério e precisa ser devidamente explicado: o envolvimento das autoridades de segurança.

Os diversos registros que circulam nas redes sociais, e rodaram o mundo, mostraram os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadindo, vandalizando e saqueando, as sedes dos Poderes, destruindo tudo que viam pela frente. As autoridades de segurança não protegeram a Presidência.

O Batalhão da Guarda Presidencial do Exército, responsável pela segurança e proteção do prédio, só começou a reagir quando os criminosos já estavam na porta do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os militares tinham treinamento, equipamentos e homens suficientes para impedir a invasão e o vandalismo. Mas, ao contrário do esperado, não foi isso que aconteceu.

Por não terem sido demandados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão subordinado diretamente ao presidente da República, eles pouco reagiram. O presidente afirmou as falhas “internas” e acusou o órgão de conivência. O Comando Militar do Planalto (CMP) abriu um inquérito.

No entanto, uma série de mensagens reveladas pela revista Veja, mostraram que, no mínimo, houve negligência, omissão e conivência de autoridades lotadas no próprio Planalto, em especial, no GSI, comandado pelo general da reserva, o ministro-chefe Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, que chefiou o esquema de segurança pessoal de Lula por vários anos.

As mensagens foram enviadas em um grupo de Whats­App usado pelo GSI e pelo CMP para combinar os procedimentos operacionais. Uma reunião foi feita para elaborar um plano de segurança contra o ato antidemocrático que estava sendo convocado por militantes bolsonaristas para o fim de semana.

A decisão tomada: não será permitido a presença dos militantes bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios. Por outro lado, os bolsonaristas já tinham organizado as ações radicais.

O GSI, porém, encarava a situação como uma absoluta “normalidade”. Em mensagem ao Comando Militar, o órgão informou que não havia necessidade de reforço da segurança do palácio naquele que seria o primeiro fim de semana do novo governo. “Os órgãos de inteligência estarão monitorando a capital. Qualquer mudança de cenário, informaremos de pronto.”

“Boa tarde, senhores! Haja vista previsão mínima de manifestações para os dias 07, 08 e 09 de JAN 23 (sábado, domingo e segunda-feira), o SCP considera a situação de reforço do CMP como normalidade”, foi enviado no grupo, dois dias antes da invasão.

No mesmo dia, mais tarde, o BGP, uma unidade treinada para defender as instalações do Planalto, por razões não esclarecidas, a tropa foi dispensada. A invasão do prédio poderia ter sido evitada caso tivessem sido mantidos.

Após os efeitos, foi tarde demais. Ao perceber a invasão, o GSI solicitou ao CMP o envio de um pelotão, mas só haviam quinze agentes protegendo o Palácio. Os militares, que estavam em menor número, não conseguiram evitar que os vândalos invadissem as instalações.

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