Jornal espanhol compara Lula aos Rolling Stones em turnê europeia

Atualizado em 19 de novembro de 2021 às 14:52

O jornal espanhol La Vanguardia comparou o ex-presidente Lula ao grupo de rock Rolling Stones em alusão à sua turnê pela Europa em artigo publicado nesta sexta-feira. “Como se se tratasse dos Rolling Stones, o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, veste suas melhores roupas de gala durante sua turnê nos palcos em uma turnê europeia”.

No artigo “Lula prepara seu retorno”, Ferran Dalmau diz que “se trata de uma manobra de preparação visando 2022, quando a esquerda brasileira vai de novo às urnas tentar derrotar o ultradireitista Jair Bolsonaro”.

“Lula se reúne há semanas com líderes socialistas da União Europeia para lhes pedir a mão do Brasil. E lhe deram sua benção”.

“O primeiro a unir laços com ele foi com o socialdemocrata alemão Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu. Em Bruxelas, Lula intuiu o ‘sim’ da União Europeia, que lhe dava sua aprovação para recuperar o Brasil. Os apoios de Olaf Scholz, vice-chanceler alemão, e do ex-presidente espanhol José Luís Rodriguez Zapatero foram a prova irrefutável de que a esquerda europeia quer sua volta”, analisa.

“Zapatero atuou como representante de um artista. Definiu o político como o ‘grande mestre da igualdade’ e lembrou seu início como um ‘valente metalúrgico’. Apostou ‘vamos vê-lo presidente'”.

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O jornal de Barcelona disse que a “França recebeu Lula como se fosse presidente”. “Quem já lhe vê de novo no cargo é o presidente da República Francesa, Emmanuel Macron, o melhor público da retórica de Lula. Exército de gala, Palácio do Eliseu e fotografia sorridente com saudação: boas vindas pelo menos presidencial”.

“Na França, ele tem quórum. A revista Politique Internationale lhe outorgou o prêmio Courage Politique e lhe receberam também o ex-presidente François Hollande, a ex-prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o deputado de esquerda Jean-Luc Mélenchon”.

“Lula chegou ontem à Espanha para estender a coleção de companheiros socialistas. Depois de se reunir com os sindicatos UGT e Comisiones Obreras, visitou hoje o presidente Pedro Sánchez. Como em Paris e Bruxelas, o motivo oficial do encontro em Madri era ‘abordar a situação da pandemia, as mudanças climáticas ou a recuperação econômica’, atribuições de líderes de governo”. 

“Para preparar a volta às urnas ele (Lula) começou uma grande campanha para limpar sua imagem e defende sua inocência. Os erros de seus rivais desvaneceram os seus”, afirma.

Desilusão com extrema direita

“O desencanto com a ultradireita de Bolsonaro é a melhor arma do socialismo. Nos últimos três anos de mandato liberal, os apoios internacionais caíram, como mostrou a última reunião do G20: em Roma, a maioria de líderes europeus ignoraram o presidente do Brasil”.

“Tanto as pesquisas quanto a esquerda europeia estão com ele e Lula se prepara para que o Brasil cumpra o que disse. Dizem que sempre se volta ao lugar onde se foi feliz”.

E Bolsonaro?

O atual presidente Jair Bolsonaro também é noticia na imprensa espanhola, mas pela destruição da Amazônia. “Brasil destrói 13.000 quilômetros quadrados da Amazônia em um ano, 22 vezes a cidade de Madri”, noticia o jornal El Mundo. “Um aumento de 22% em relação ao período anterior”.

“O governo também contribui à sensação de impunidade para os infratores por meio das declarações públicas do presidente Jair Bolsonaro negando o problema e incentivando a legalização de atividades até agora irregulares, como a mineração dentro de territórios indígenas.”

“Os especialistas coincidem ao afirmar que por trás destes números está a falta de fiscalização dos delitos ambientais, com a total desidratação das equipes técnicas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que atuam em campo”.

“Enquanto isso, o governo segue no negacionismo. Nesta mesma semana, durante um encontro com investidores em Dubai, Bolsonaro afirmou que a Amazônia ‘é um paraíso’ e que está ‘exatamente igual’ quando o Brasil foi descoberto no ano 1500”.

“A realidade dos dados contrasta com as vistosas promessas realizadas pelo Brasil na COP-26 (Conferência do Clima), encontro ao qual Bolsonaro não compareceu. O governo anunciou seu compromisso de acabar com o desmatamento ilegal no ano de 2028, dois anos antes do previsto inicialmente, uma promessa impossível de cumprir se o ritmo atual se mantiver”.