Jornalista Andreza Matais é demitida do “Estadão”

Atualizado em 27 de fevereiro de 2024 às 15:37
A jornalista Andreza Matais (crédito: divulgação)

A jornalista Andreza Matais, que ocupava os cargos de editora-executiva de Política e chefe da sucursal de Brasília do jornal O Estado de S.Paulo, foi demitida da empresa nesta segunda-feira (29). Junto com ela, também foi dispensado seu braço direito, o jornalista e escritor Leonencio Nossa, que ocupava formalmente o cargo de “editor de Especiais” no periódico.

Conforme informou o DCM em outubro do ano passado, a jornalista foi denunciada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) – juntamente com a empresa para a qual trabalhava – por supostamente fraudar ou ordenar a fraude em documentos de registro de horas extras realizadas pelos jornalistas do grupo de comunicação.

A insatisfação dos jornalistas com a política de controle de horas extras que foi estabelecida por Andreza Matais era fruto de conflito e insatisfação no jornal desde, pelo menos, maio do ano passado, quando funcionários sob sua coordenação passaram a ser demitidos, em um número que ultrapassou uma dezena.

A editora-executiva enfrentou embates duros com sua equipe para estabelecer sua forma de administrar a questão, como mostra a reprodução de mensagem de WhatsApp enviada pela jornalista a um grupo de profissionais do periódico, a que o DCM teve acesso.

Mensagem de Andreza Matais aos profissionais de sua redação: “Acompanho a marcação de ponto de cada um de vocês” (crédito: reprodução)


Matais usou Twitter para revelar salário de jornalista

Andreza Matais também se envolveu em outra polêmica, também em outubro do ano passado, quando atacou o jornalista George Marques no X, antigo Twitter, depois que ele publicou uma nota em suas redes desmentindo o jornal sobre empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco de Desenvolvimento da América Latina, CAF, à Argentina por suposta ordem do presidente Lula.

George é assessor na Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência e atualmente coordena a campanha de combate à desinformação Brasil Contra Fake.

Andreza postou o valor do salário do servidor, em uma tentativa de insinuar que o valor (de R$ 11.306,90) seria alto demais. A atitude desagradou a muitos leitores do jornal e também à chefia da redação do Estadão, que enxergou uma exposição desnecessária do veículo por meio das redes pessoais da jornalista, que foi muito criticada.

Segundo apurou a reportagem, a demissão de Andreza Matais já era tida como certa há mais de três meses na redação do Estadão, e que o tempo que levou para ocorrer se deve ao fato de o periódico ter passado esses meses todos negociando com a jornalista a melhor saída possível para todos.

A precaução do Estadão se justifica pelo que consta nos autos públicos do processo trabalhista número 0001107-96.2015.5.10.0019, com início em 24 de julho de 2015 e término seis anos depois. Neles, se fica sabendo que Andreza Matais processou, ganhou e recebeu uma indenização trabalhista da Folha de S.Paulo no valor de R$ 1.250.000 (um milhão, duzentos e cinquenta mil reais), ao ser demitida do periódico em 2014. A maior parte deste montante corresponde à cobrança de horas extras pela ex-funcionária.

RESPOSTA DE ANDREZA MATAIS

Ao contrário do que este veículo divulgou na nota “Jornalista Andreza Matais é demitida do ‘Estadão’”, de 29/1/2024, esclareço que o encerramento do meu ciclo no jornal foi motivado por uma estratégia corporativa do Grupo Estado de concentrar as coordenações editoriais na sede da empresa em São Paulo.

Não tem relação alguma, portanto, com qualquer “polêmica” em que, segundo esse veículo, eu teria me envolvido. Tampouco com denúncias, anônimas e mentirosas, de que eu teria fraudado ou ordenado a fraude do controle de horas extras realizadas por jornalistas do Estadão. Isso jamais ocorreu.

Os próprios jornalistas de política do Estadão, também indignados com as acusações, divulgaram em 22 de novembro de 2023 uma carta aberta na qual reprovaram a divulgação de “versões falsas sobre nossas condições de trabalho”.

A fragilidade das mentirosas acusações anônimas feitas contra mim, desacompanhadas de provas, fez com que o Procurador do Trabalho determinasse, em 21 de novembro de 2023, a realização de diligências antes mesmo de avaliar se seria o caso de instaurar inquérito.