Jornalista do “Twitter Files” coordenou massacre contra pesquisadora dos EUA que o denunciou

Gerente de observatório em Stanford foi alvo de ataque coordenado no Twitter similar ao realizado contra Alexandre de Moraes

Atualizado em 25 de abril de 2024 às 11:11
Jornalista Michael Shellenberger em audiência pública no SenadoGeraldo Magela/Agência Senado
Jornalista Michael Shellenberger em audiência pública no Senado
Geraldo Magela/Agência Senado

Uma pesquisadora americana da Universidade de Stanford que denunciou mentiras de Michael Shellenberger, do “Twitter Files”, sofreu ataque coordenado como o de Alexandre de Moraes no Brasil. O jornalista americano é um dos responsáveis pelo vazamento de emails do Twitter desde dezembro de 2022.

No Brasil, ele foi protagonista dos ataques com fake news em conjunto com Elon Musk, o atual dono do X, contra Moraes.

O modus operandi de Shellenberger, que elogiou a decisão da Suprema Corte americana de permitir que nazistas fizessem uma manifestação em bairro judeu, é sempre o mesmo. Nos Estados Unidos, ele organizou um massacre digital contra Renee Diresta, gerente técnica do Observatório da Internet da Universidade de Stanford.

Quando Elon Musk assumiu o Twitter e mudou o nome da rede social para X, o empresário dono da Tesla selecionou os jornalistas Matt Taibbi, Bari Weiss, Lee Fang, Michael Shellenberger, David Zweig e Alex Berenson para vazar informações sigilosas da empresa. A ideia de Musk era mostrar através dos emails e mensagens que o Twitter tinha relações com os progressistas americanos.

Pesquisadora de diferentes assuntos na rede, como desinformação, inteligência artificial e até segurança infantil, Renee Diresta foi entrevistada pelo documentário Dilema das Redes (2020), da Netflix. Em janeiro de 2023, Renee foi entrevistada por Shellenberger. A conversa sem cortes foi publicada no Substack.

Renee foi alvo do autor do Twitter Files. Foto: Divulgação
Renee foi alvo do autor do Twitter Files. Foto: Divulgação

Renee Diresta afirma que recebeu uma bolsa de estudos do Central Intelligence Agency, a CIA, em 2004, quando estava na universidade. O Twitter só seria criado após dois anos. Em um texto de abril de 2023, Shellenberger acusou Renee de ser uma agente secreta financiada diretamente pelo governo Biden para esconder escândalos de seu filho Hunter e questionamentos à vacina da Covid-19.

Segundo o delinquente, ela teria colaborado com autoridades do governo dos EUA, além do FBI e da CIA. Renee o desmentiu.

Tanto neste texto quanto em uma entrevista para Bret Weinstein, um podcaster da plataforma Rumble, Shellenberger subiu o tom das acusações contra a pesquisadora, afirmando que ela liderava uma “indústria de censura” do governo Joe Biden contra a liberdade de expressão nas redes, mirando apoiadores de Trump. 

“Desde dezembro [de 2022], um pequeno mas crescente grupo de jornalistas, analistas e investigadores documentou a ascensão de um ‘Complexo Industrial de Censura’, uma rede de agências governamentais dos EUA e grupos de reflexão financiados pelo governo. Ao longo dos últimos seis anos, estas entidades coordenaram os seus esforços para espalhar desinformação e censurar jornalistas, políticos e cidadãos americanos comuns. Eles fizeram isso direta e indiretamente, inclusive bancando o policial bom/policial mau no Twitter e no Facebook. Centenas e talvez milhares de pessoas estiveram envolvidas nestas campanhas de censura e desinformação nos EUA, Canadá e Reino Unido”, disse Michael Shellenberger.

“Uma das líderes públicas mais inteligentes, influentes e fascinantes do Complexo Industrial da Censura é Renee Diresta, a gerente de pesquisa do Observatório da Internet da Universidade de Stanford. Diresta, mais do que qualquer outra pessoa, defendeu publicamente uma maior censura liderada e financiada pelo governo, escrevendo para o The New York Times, The Atlantic, Wired e outras publicações importantes, e falando em público, inclusive em podcasts com Joe Rogan e Sam Harris nesse sentido”.

Os ataques internacionais de Musk e Shellenberger já são replicados em outros países além dos EUA e do Brasil, como Reino Unido e Austrália. Nos Estados Unidos, o deputado republicano Jim Jordan, de Ohio, repercutiu os ataques contra Alexandre de Moraes em nosso país no Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes americano.

Com documentos oficiais de Stanford, Renee explica que o Observatório em que ela trabalha foi financiado por um fundo de US$ 748 mil National Science Foundation e que não tem relação nenhuma com a CIA. Os trabalhos da organização dela, pelo contrário, tem uma natureza “não partidária” e estão envolvidos com as atividades contra a desinformação acerca da pandemia do novo coronavírus.

Usuária da rede social Threads, da Meta, a dona do Facebook, Renee Diresta postou em 12 de fevereiro algumas observações sobre o “trabalho” de Shellenberger.

“Michael Shellenberger passou um ano acusando outras pessoas de serem agentes secretos da CIA comandando uma conspiração. Ele construiu um império na rede Substack ‘expondo-os’. Mas agora, algumas pessoas estão dizendo que ele não é o que parece. Quem é ele? De onde ele veio? Por que ele parece ser um ‘especialista’ em tudo e… será mesmo um jornalista? Os investigadores do Rumble querem saber: é possível que Michael Shellenberger tenha ligações com a CIA?”, questionou.

No final da postagem, ela esclarece os prints anexados: São de uma sátira para a página Extremely Online. Uma brincadeira com o jornalista trumpista.

Renee Diresta tirando sarro do autor do Twitter Files. Foto: Reprodução/Threads
Renee Diresta tirando sarro do autor do Twitter Files. Foto: Reprodução/Threads

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