Por Amanda Cotrim
O ex-presidente Lula desembarcou em Buenos Aires na quinta-feira (9) e deve ficar na Argentina até o dia 11, quando se encontrará com centrais sindicais e movimentos sociais. O petista saiu do aeroporto e foi direto a um canal de televisão argentino, onde concedeu uma entrevista que será veiculada no próximo sábado.
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Lula falou sobre a negociação da dívida da Argentina com o FMI e disse estar ciente dos problemas econômicos que o país enfrenta. Ele afirmou que “o povo argentino precisa ter muita paciência”, ressaltando que o presidente Alberto Fernández herdou um país pandêmico e endividado.
A chegada do brasileiro à Argentina serve para dar uma injeção de ânimo na esquerda local, um mês depois do peronismo ter perdido as eleições legislativas. O país registra hoje 50% de inflação anual e um índice de 40% de pobreza, segundo dados oficiais. “Espero que o FMI não faça pressão e chegue a um acordo, que permita que a Argentina continue crescendo e que o povo argentino tenha possibilidade de recuperar sua dignidade”, disse Lula em entrevista.
Como convidado ilustre, participa nesta sexta-feira (10) de um ato na Casa Rosada, sede do governo argentino, em uma festa que celebra a retomada da democracia no país após a ditadura militar, em 1973. Entre os convidados está, também, o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica.
Lula será premiado por sua defesa dos direitos humanos
O petista receberá o prêmio Azucena Villaflor, instituído em 2003 pelo ex-presidente Néstor Kirchner com o objetivo de reconhecer cidadãos ou entidades de destaque por sua carreira cívica em defesa dos direitos humanos. O prêmio leva o nome de uma das fundadoras do movimento das Mães da Praça de Maio e, também, uma das vítimas do terrorismo de Estado durante a ditadura na Argentina.
O que se espera hoje, na Praça de Maio, é uma grande festa popular, com artistas, movimentos sociais, centrais sindicais e coletivos imigrantes. A visita de Lula pretende aproximar a esquerda argentina e os grupos políticos dentro do Peronismo.
Alberto Fernández e sua vice, Cristina Kirchner, fizeram questão de convocar a população para o ato. Eles usaram a figura do brasileiro para falar em união da América Latina, num contexto em que diversos países da região enfrentam uma ascensão da extrema-direita, como é o caso do Chile, que terá eleições presidenciais em menos de duas semanas e vive uma verdadeira polarização entre o candidato Gabriel Boric (esquerda) e José Kast (direita).
A visita à Argentina faz parte de um desejo pessoal do ex-presidente, que disse, durante sua visita à Europa, que pensou em viajar internacionalmente para fortalecer a luta contra a desigualdade social.
São esperadas pelo menos 100 mil pessoas na Casa Rosada. O evento oficial começa às 15h com a premiação do brasileiro como defensor dos Direitos Humanos, ato que será presidido por Fernández.
Mais tarde, às 18h30 está previsto o ato artístico e cultural, na Praça de Maio, que além de comemorar os 38 anos da redemocratização argentina, também celebrará os dois anos do governo de Alberto Fernández e o Dia dos Direitos Humanos.
Confira a agenda de Lula na Argentina:
Sexta-feira, 10 de dezembro
15h
Recepção na Casa Rosada pelo presidente argentino.
16h
Ato na Casa Rosada. Entrega dos prêmios Azucena Villaflor às defensoras e defensores dos direitos humanos. Lula será homenageado por sua luta pelos direitos humanos e contra o lawfare.
18:30
Ato artístico e cultural na Praça de Maio. Comemoração dos 38 anos de democracia, dois anos do governo de Alberto Fernández e o Dia dos Direitos Humanos. Tocam bandas e grupos musicais.
Sábado, 11 de dezembro
11:00
Ato com as centrais sindicais argentinas, CGT e CTA.
Este viernes a las 15hs nos reencontramos en Plaza de Mayo para celebrar la democracia y los derechos humanos.#10D #LatinoaméricaUnida #DemocraciaParaSiempre pic.twitter.com/qir1G9v58m
— Alberto Fernández (@alferdez) December 9, 2021