Um relatório preliminar elaborado pela Defensoria Pública de São Paulo apontou que sete em cada dez pessoas presas em flagrante na Baixada Santista, após o assassinato de um PM da Rota no Guarujá, são negras. O órgão analisou prisões e capturas na região entre 27 de julho, quando a operação que já matou 18 foi deflagrada, e 15 de agosto.
A Defensoria teve acesso a 170 casos de presos em flagrante e 94 capturas de procurados pela Justiça no mesmo período da Operação Escudo. O órgão, porém, não teve acesso à totalidade das prisões realizadas – 474 pessoas até o dia 16, segundo o governo paulista.
Entre os casos analisados, 71,8% dos presos são pretos e pardos. Outros 27,6% são brancos e em 0,6% dos casos o fator raça e cor não foi informado. Em relação à idade, 3 em cada 10 têm entre 18 e 24 anos (35,9% do total).
O levantamento também mostra que 55% dos presos não tinham antecedentes, enquanto 45% tinham maus antecedentes ou eram reincidentes. Em 90% das prisões em flagrante não ocorreu apreensão de armas e em 67% não houve apreensão de drogas.
Metade das prisões aconteceram no Guarujá (26%) e na Praia Grande (24%). As outras foram em Bertioga, Cubatão, Santos e São Vicente.
Em 59% dos casos analisados, houve manutenção da prisão, com a conversão de flagrante em preventiva. Já em 41% dos casos houve soltura. A pesquisa aponta ainda que somente 33 das pessoas presas em flagrante tiveram acesso a um advogado particular (19%).
O Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria analisou o estado de saúde das pessoas presas em flagrante. Em 24% dos casos houve lesão, já em 75% dos casos o laudo não indicou a presença de lesões.
A maioria das prisões foi feita por policiais militares (75% do total). Os casos de flagrantes com menção à Operação Escudo no boletim de ocorrência correspondem a 8% (14 casos).