Se lhes fosse dado o direito de escolher, os cariocas viveriam no mundo encantado do general Villas Bôas.
O comandante do Exército comemorou o fim de um fiasco no Twitter.
“Amanhã encerraremos uma etapa fundamental para o retorno à normalidade da segurança pública no estado do RJ”, escreveu.
“A intervenção federal cumpriu sua missão. Estarei presente na cerimônia que caracterizará o término da operação”.
Piada, general. Piada.
Marielle Franco e Anderson Gomes, assassinados em crimes sem solução, vergonha mundial, estão vendo.
Marcos Vinícius da Silva, 14 anos, baleado a caminho da escola numa operação na Favela da Maré, está vendo.
O aspirante a paraquedista João Viktor da Silva, alvejado na cabeça no Complexo do Alemão, está vendo.
Deus, para o senhor que se diz crente, está vendo.
O número de tiroteios no Rio cresceu 56%, de acordo com levantamento do Uol.
De janeiro a novembro, policiais mataram 1 444 pessoas no estado, aponta o Instituto de Segurança Pública. Um recorde histórico.
Enquanto agonizava, Marcos disse à mãe que o tiro que o acertou partiu de um blindado da polícia.
“Ele não viu que eu estava com roupa de escola?”, perguntou, segundo o relato dela a promotores de justiça.
Fingiu que não viu.
Exatamente como o general Villas Bôas.
Já vão tarde.
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