Mauro Cid orientou Michelle e parentes a usar dinheiro vivo para pagar despesas; PF vê desvio de verba

Atualizado em 15 de maio de 2023 às 16:11
Ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid
Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, orientou que Michelle Bolsonaro e outros parentes pagassem despesas em dinheiro vivo, segundo mensagens obtidas pela Polícia Federal. Ele indicou a assessoras que depositassem valores em uma conta bancária da ex-primeira-dama. A informação é do g1.

A comunicação entre funcionários da Ajudância de Ordens da Presidência da República mostra que os pagamentos eram feitos sempre da mesma forma, com pagamentos em dinheiro vivo e de maneira fracionada. Segundo a PF, a prática dificulta a identificação de quem enviou o dinheiro.

No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a corporação afirmou ver indícios de desvio de dinheiro público e disse que vai apurar os valores. As conversas foram obtidas a partir de quebra de sigilos autorizadas em 2022 pelo ministro Alexandre de Moraes.

Os materiais coletados pela PF incluem recibos de depósitos financeiros, enviado por ajudantes de ordens da Presidência em grupo de aplicativo de mensagens. Os funcionários que atendiam Bolsonaro e Michelle pediam quitação de despesas do casal e de parentes da então primeira-dama.

Rosimary Cardoso Cordeiro e Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução

A corporação encontrou mensagens de Giselle da Silva, então assessora, pedindo que Cid fizesse pagamentos mensais a Rosimary Cardoso Cordeiro, amiga de Michelle, e identificou seis depósitos do tipo para ela. Somados, os valores chegam a R$ 10.133,06.

Também foram encontrados seis comprovantes de depósitos feitos por Cid a Michelle entre março e maio de 2021 (R$ 8,6 mil) e outros seis no mesmo período (R$ 8,5 mil) para Maria Helena Braga, casada com um tio de Michelle. Entre os documentos, ainda há uma troca de mensagens entre ajudantes da presidência com uma despesa médica de Maria Helena Braga, no valor de R$ 950,27.

Em setembro de 2021, uma assessora de Michelle enviou um outro boleto de plano de saúde referente ao irmão de Michelle, Yuri Daniel Ferreira Lima, no valor de R$ 585. O comprovante do pagamento foi enviado logo em seguida por Cid.

No fim do mesmo mês, a assessora encaminhou um novo boleto do plano de saúde de Yuri a Cid e diz que o pagamento foi solicitado por Michelle. A PF diz que fica “evidenciado” que o dinheiro saiu “da conta pessoal do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro”.

A investigação afirma que as transações descritas no documento indicam desvio de dinheiro público para atender despesas da presidência.

“No período compreendido no ano de 2021, em Brasília, por diversas vezes, Mauro Cesar Cid, na condição de ajudante de Ordens da Presidência da República, pessoalmente ou por intermédio de servidores da Ajudância de Ordens, e outras pessoas não identificadas (supridos), desviou e/ou concorreu para desviar dinheiro público oriundo de suprimento de fundos do Governo Federal, em valor total ainda a ser apurado, destinado originalmente ao atendimento de despesas da República”, diz o relatório da PF.

Os valores foram depositados “de forma fragmentada, com uso de envelopes sem identificação de depositante, em caixas eletrônicos, bem como utilizando o dinheiro para pagamento direto de despesas privadas”, segundo o documento.

A PF apura a origem dos recursos para bancar os depósitos e pagamentos. Em 2022, Moraes autorizou novas quebras de sigilo e apontou haver “fortes indícios” de desvio de dinheiro público no caso.

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