O material didático digital do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) continua a ser distribuído para as escolas do Estado de São Paulo com erros conceituais e de informação, mesmo após a Secretaria de Educação paulista ter anunciado que faria uma revisão adicional das aulas.
No último dia 6 de setembro, a pasta comandada por Renato Feder encaminhou um comunicado a todas as escolas dizendo que, “na busca pela garantia da qualidade do material produzido para o 3º bimestre” todas as aulas, de todos os componentes curriculares dos anos finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e Ensino Médio seriam revisados.
O anúncio ocorreu dois dias após a Justiça determinar, em decisão provisória, que as aulas com erros fossem retiradas do ar em um prazo de 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Após a divulgação dos erros, a secretaria chegou a afastar servidores, e o coordenador responsável pela produção do material pediu demissão do cargo.
Mesmo na nova versão, professores das escolas estaduais continuam a encontrar erros conceituais no material programado para ser usado no 3º bimestre. A secretaria orientou os professores a baixarem uma nova versão do material a partir da última segunda-feira (11), quando já teria sido concluída a revisão adicional.
O material foi produzido pela secretaria e passou a ser distribuído às escolas em abril deste ano, para mais de 3 milhões de alunos. A ideia inicial do secretário de Educação era abrir mão dos livros didáticos enviados pelo Ministério da Educação (MEC), para os professores só poderem usar o conteúdo feito por sua equipe, mas ele recuou da decisão após forte repercussão negativa.
Uma série de erros gramaticais, conceituais e metodológicos tem sido apontada por professores e especialistas de diversas áreas. Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a capital paulista possui praias. Erros em outras áreas, como matemática, álgebra e outros conceitos também foram encontrados.
Segundo a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), que reúne as principais editoras didáticas do país, os livros didáticos comprados pelo MEC levam ao menos dois anos para ficarem prontos. Depois, eles ainda são submetidos a uma revisão externa para identificar erros ou inconsistências, mas em São Pualo, o material didático começou a ser distribuído às escolas menos de três meses após o início da produção.
A secretaria não informou quem são as pessoas envolvidas no processo ou como é feita a revisão dos conteúdos. Informou apenas que professores da rede de ensino estão envolvidos na elaboração.