Mesmo revisado, material didático digital distribuído por Tarcísio em SP segue cheio de erros

Atualizado em 17 de setembro de 2023 às 21:57
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Adriano Machado/Reuters

O material didático digital do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) continua a ser distribuído para as escolas do Estado de São Paulo com erros conceituais e de informação, mesmo após a Secretaria de Educação paulista ter anunciado que faria uma revisão adicional das aulas.

No último dia 6 de setembro, a pasta comandada por Renato Feder encaminhou um comunicado a todas as escolas dizendo que, “na busca pela garantia da qualidade do material produzido para o 3º bimestre” todas as aulas, de todos os componentes curriculares dos anos finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e Ensino Médio seriam revisados.

O anúncio ocorreu dois dias após a Justiça determinar, em decisão provisória, que as aulas com erros fossem retiradas do ar em um prazo de 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Após a divulgação dos erros, a secretaria chegou a afastar servidores, e o coordenador responsável pela produção do material pediu demissão do cargo.

Mesmo na nova versão, professores das escolas estaduais continuam a encontrar erros conceituais no material programado para ser usado no 3º bimestre. A secretaria orientou os professores a baixarem uma nova versão do material a partir da última segunda-feira (11), quando já teria sido concluída a revisão adicional.

O material foi produzido pela secretaria e passou a ser distribuído às escolas em abril deste ano, para mais de 3 milhões de alunos. A ideia inicial do secretário de Educação era abrir mão dos livros didáticos enviados pelo Ministério da Educação (MEC), para os professores só poderem usar o conteúdo feito por sua equipe, mas ele recuou da decisão após forte repercussão negativa.

Material de matemática do 8º ano apresenta erros mesmo após revisão, exercício afirma que há um triângulo equilátero inscrito em um quadrado. Foto: Reprodução.

Uma série de erros gramaticais, conceituais e metodológicos tem sido apontada por professores e especialistas de diversas áreas. Uma das aulas, por exemplo, dizia que a Lei Áurea, de 1888, foi assinada por dom Pedro 2º e que a capital paulista possui praias. Erros em outras áreas, como matemática, álgebra e outros conceitos também foram encontrados.

Segundo a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), que reúne as principais editoras didáticas do país, os livros didáticos comprados pelo MEC levam ao menos dois anos para ficarem prontos. Depois, eles ainda são submetidos a uma revisão externa para identificar erros ou inconsistências, mas em São Pualo, o material didático começou a ser distribuído às escolas menos de três meses após o início da produção.

A secretaria não informou quem são as pessoas envolvidas no processo ou como é feita a revisão dos conteúdos. Informou apenas que professores da rede de ensino estão envolvidos na elaboração.

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