O que os editores não fazem para vender revistas? Foi a pergunta que me ocorreu ao ver, aqui numa venda perto de casa, a capa da edição internacional da Time.
Messi era o tema. O problema era como ele foi definido pela Time na capa: “O melhor jogador de futebol do mundo e, possivelmente, de todos os tempos”.
Sei como é a vida de um editor. Em meus tempos de Editora Globo, quando Ronaldinho surgia como um fenômeno de proporções ainda não sabidas, fiz pessoalmente a chamada de capa de uma edição da revista Época nas vésperas da Copa de 2006: “Maior que Pelé?” (O tempo mostraria que ele era menor até que seu xará gordo.)
Claro que há um pouco de pessoal em julgamentos de grandes atletas, de qualquer modalidade. E é verdade também que o presente tende a se sobrepor ao passado: no esporte, o que estamos vendo agora parece frequentemente melhor do que o que foi visto antes. Federer é, em geral, considerado superior a Rod Laver ou a Bjorn Borg.
Mesmo assim, com todos esses descontos, é indefensável afirmar que Messi é o melhor jogador da história. Uma pataquada, como gosta de dizer minha filha Camila.
Títulos em Copa do Mundo são o melhor medidor de grandeza no futebol. Outras conquistas contam, é claro, mas nada se compara a uma Copa do Mundo.
Pelé ganhou três. Na primeira, na Suécia, tinha 17 anos. Sete menos que Messi hoje.
Messi já jogou duas Copas. Não ganhou nenhuma.
Gosto dele. Muito. É um craque, e se não bastasse isso se comporta como um legítimo cavalheiro em campo. Não grita com os companheiros, não reclama do juiz, não faz fita como Neymar, não ataca os adversários. Apenas joga. E como.
É muito, mas não o bastante para fazer dele o que a Time afirmou em sua chamada de capa. Se Messi não ganhar pelo menos uma Copa do Mundo, o tamanho que ele parece ter hoje na história do futebol vai diminuir, e diminuir, e diminuir – e a chamada de capa da Time vai ficar tão ridícula quanto a que eu próprio fiz na revista Época.