“Não enriqueci”, diz Moro, que faturou R$ 750 mil por apenas três pareceres

Atualizado em 28 de dezembro de 2021 às 12:12
Sergio Moro
Moro em maus lençóis

Sergio Moro enfim enfiou o rabinho entre as pernas.

Acusado pelo MP de contribuir “naturalmente” para a quebra da Odebrecht – o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), mandou que a Alvarez & Marsal revele quanto pagou ao ex-juiz depois que ele deixou a empresa -, aproveita para chorar as pitangas nas redes.

E, óbvio, sempre batendo na mesma e enjoativa tecla:

“Trabalhei 23 anos na carreira pública”, escreveu no Twitter.

“Lutei contra a corrupção neste país como ninguém jamais havia feito. Deixei o serviço público e trabalhei honestamente no setor privado para sustentar minha família. Nunca paguei ou recebi propina, fiz rachadinha ou comprei mansões”.

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Na sua defesa virtual, Moro agora chama de levianas as colocações do Procurador do TCU. “Não atuei em casos de conflito de interesses”, diz. “Repudio as insinuações levianas a meu respeito e lamento que o órgão seja utilizado dessa forma”.

Moro e a porta giratória

O ex-ministro de Bolsonaro saiu da Alvarez & Marsal em outubro para se lançar na política.

O ministro Ministro Bruno Dantas acolheu um pedido feito pelo Ministério Público junto ao TCU, determinando o levantamento, no Judiciário, de todos os processos de recuperação judicial em que a Alvarez & Marsal, consultoria dos EUA, atuou no período da Lava Jato.

Dantas já afirmou em despacho anterior que atos do ex-juiz “naturalmente” contribuíram para a quebra da Odebrecht – e quer saber se a Alvarez & Marsal foi beneficiada ao se envolver na recuperação da empreiteira e de outras organizações investigadas por ele.

O ministro solicitou os contratos da Alvarez & Marsal em ordem cronológica, para saber a evolução dos negócios da companhia no Brasil desde a Lava Jato.

Para justificar o pedido de investigação, o subprocurador-geral Lucas Furtado afirmou ser necessário apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos por “operações supostamente ilegais” de integrantes da Lava Jato e do ex-ministro “mediante práticas ilegítimas de revolving door”, ou “porta giratória”.

“Porta giratória” é quando servidores públicos assumem postos como lobistas ou consultores na área de sua atividade anterior no serviço público. Uma postura que mostra conflito de interesses.

R$ 750 mil só em pareceres

Nem bem saiu da quarentena após deixar o governo Bolsonaro, em outubro do ano passado, Moro voltou à ativa como advogado e consultor.

Só em três pareceres envolvendo a Vale e outras empresas embolsou R$ 750 mil.

A quantia recebida gerou reações, uma delas do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).

“Sergio Moro ganhou R$ 750 mil num parecer. Mais uma serventia da Lava Jato, além de prender o adversário para eleger o Bolsonaro: ganhar dinheiro! Moro e Dallagnol trataram de encher os bolsos”, declarou Paulo Teixeira.

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