Moro tem de aprender que não é mais Deus. Por Fernando Brito

Atualizado em 21 de março de 2019 às 10:19

Publicado originalmente no blog Tijolaço

Juiz Sergio Moro/ Foto Lula Marques/Agência PT

POR FERNANDO BRITO

Uma vez, durante o primeiro governo de Brizola, perguntei ao comandante dos Bombeiros como era a estrutura para manter impecáveis aqueles velhos caminhões vermelhos, de 40 ou 50 anos, que a corporação mantinha, enquanto os carros. no serviço público, se degradavam em quatro ou cinco anos . E a resposta veio, bem simples: “Brito, nos Bombeiros tem cadeia”.

Moro perdeu a cadeia e enfrenta dificuldades em colocar em curso a máquina de perseguição que sonhou montar no Ministério da Justiça.

Quis bancar o reizinho, correndo a encaminhar seu “pacote anticrime” antes da reforma da Previdência e deu-se mal, vendo-o ser fatiado e relegado à fila. Partiu para a intimidação do Supremo e tomou uma derrota significativa. Levou uma “enquadrada” do “chefe” Bolsonaro com o episódio da demissão da suplente de um conselho.

Assim, cheio de riscos e arranhões, saiu amassado de sua imprudente tentativa de reagir ao “banho-maria” em que Rodrigo Maia colocou  seu “pacote” e, em meio aos conflitos já duríssimos da reforma previdenciária, despachou cobranças, via Whatsapp, ao Presidente da Câmara.

A traulitada de ser chamado de “funcionário do Bolsonaro” é destas que deixa os danos visíveis a todos.

Se me perdoam o segundo aforismo do dia, quem não sabe calar, não sabe falar.

Não há escada mais difícil de descer que a da soberba e não está fácil para Sérgio Moro entender que decaiu da condição de deus onipotente que ostentou durante os anos de Lava Jato.

O fato de a ele tudo ser permitido, em razão de sua missão de destruir Lula, e o medo que inspirava em todos em que ousassem opor-se ou mesmo colocar reparos em suas ações atrabaliárias: eram “corruptos” ou, com muito favor, “defensores dos corruptos”.

Agora, divulgou um áudio respondendo a Maia, como você pode ver abaixo.

Como disse outro dia um ministro do STF, pode espernear à vontade.

Não tem mais a cadeia, não tem mais a mídia.

Ficou só com o apelo “padrão Cunha” de que “Deus abençoe esta grande nação”.

Mas ele não é mais Deus.